A partir da próxima segunda-feira (1°/8), os belo-horizontinos possivelmente não serão mais obrigados a usar máscaras em locais fechados na capital. Isso porque o decreto que restituiu a obrigatoriedade tem validade até domingo (31/7). A decisão deve ser anunciada nesta semana e a tendência é que a medida não seja prorrogada, diante da queda no número de casos.
De acordo com dados do último boletim epidemiológico, divulgado pela Prefeitura de Belo Horizonte, na sexta-feira (22/7), o número de casos da doença por 100 mil habitantes era de 133,5. Nesse boletim, é possível perceber que desde 1° de julho, quando os casos estavam em 428,7 por 100 mil habitantes, os números apresentam quedas consecutivas. Em 14 de junho, data em que o decreto começou a valer em BH, eram 223,4 casos por 100 mil habitantes.
Desde que o decreto passou a valer, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou até a última sexta-feira, 28.538 casos confirmados da doença e 115 mortes. Em maio foram 6.653 casos e 29 mortes, em junho 16.069 casos e 57 mortes. Já em julho são, até agora, 15.262 casos e 72 mortes registradas.
Reunião para decidir sobre prorrogação da medida
O prefeito de BH, Fuad Noman, disse ontem que uma reunião com a SMS vai decidir sobre a continuidade do uso obrigatório de máscaras em locais fechados na capital.
"Nossa equipe está estudando. Devemos ter uma reunião nesta semana para que eles possam apresentar a situação para decidir essa questão", afirmou o chefe do Executivo em evento que oficializou a candidatura de Alexandre Kalil ao governo de Minas.
Segundo Fuad, a situação na capital melhorou desde a volta das máscaras e os índices de transmissão da COVID tiveram queda.
"Estão caindo porque a vacina está funcionando ou por que estamos usando máscaras? Essa é a pergunta que vamos responder esta semana', frisou o prefeito.
A vacinação contra a doença de fato avançou desde a publicação do decreto. Em 14 de junho, quando começou a valer, a cobertura vacinal na capital tinha:
- 95,1% da população com a primeira dose ou dose única
- 87,2% com a segunda dose ou dose única
- 64,7% com a 3a dose
- 7,2% com a 4a dose
Na última sexta-feira, a situação era de:
- 95,3% da população com a primeira dose ou dose única
- 87,9% com a segunda dose ou dose única
- 69,8% com a 3a dose
- 15% com a 4a dose
A secretária Municipal de Saúde, Cláudia Navarro, havia sinalizado em entrevista ao Estado de Minas, no início de julho, que a medida não deveria ser ampliada.
Segundo a secretária, era preciso observar o comportamento do vírus. "Se seguir da mesma forma dos últimos dias, acredito que será mantido só até o dia 31", declarou na ocasião.
A decisão de tornar obrigatório o uso de máscaras na capital foi tomada após o aumento no número de casos de doenças respiratórias em maio e no início de junho.
À época, Cláudia Navarro avaliou que a medida buscava evitar novos casos de COVID e outras viroses.
Exigência do uso de máscaras em estabelecimentos
A assistente social Inaê Gonçalves Andrade, de 33 anos, estava fazendo compras em uma loja da Região Central de BH, nesta segunda-feira (25/7). Ela observou que era uma das poucas a usar máscaras no local.
“Quem usava máscara estava com o nariz para o lado de fora ou com ela no queixo. Nem os funcionários dos estabelecimentos estão exigindo o uso.” Ela disse também que, às vezes, nem os próprios funcionários dos estabelecimentos usam o equipamento de proteção.
Inaê afirma que permanece adotando as medidas de proteção do início da pandemia e faz uso da máscara até em locais abertos, se houver aglomeração de pessoas.
“Na rua, se estiver cheio de gente, coloco também. Sempre levo mais de uma para trocar a cada quatro horas.”
Para ela, manter os cuidados de proteção contra a doença é a atitude correta para o momento. “Pela nossa proteção e pela do outro. Além disso, todos nós (da família) pegamos COVID mesmo com os cuidados. Graças a Deus sem nenhum caso grave, mas tivemos que ficar em isolamento e de licença do trabalho.” A família - mãe, marido e sobrinha - foi contaminada em maio, de acordo com ela.
Inaê acredita que o decreto deveria ser prorrogado, por medida de precaução, pelo menos até o fim do inverno. “Nessa época, os problemas respiratórios aumentam e, principalmente para quem tem algum tipo de comorbidade, como idosos (têm risco de contaminação). Deveria ser prorrogado por cautela e, por tudo que já passamos, é só mais algum tempo.”
E mesmo que a medida não seja prorrogada, a assistente social diz que vai continuar usando a máscara. “No local de trabalho, por exemplo. Quando estiver fora de casa, vou ser bem seletiva daqui pra frente. Mesmo que o número de casos esteja baixo, ainda tem risco de contaminação e a gente nunca sabe quais são as consequências certinhas dessa infecção.”