As redes sociais também podem ser um espaço de ajuda e apoio. Um exemplo disso é que, na última segunda-feira (25/7), Marilda Aparecida Miguel, desempregada, abriu seu empreendimento para vender marmitex na Região do Barreiro, em Belo Horizonte, mas não conseguiu atrair clientes. O filho dela, Lucas, recebeu uma mensagem da mãe sobre isso, ficou triste e postou. Vários internautas se mobilizaram e fizeram doações via Pix para que ela fizesse marmitas e doasse para quem precisa.
O post nas redes sociais alcançou mais de 70 mil curtidas e já foi compartilhado mais de 20 mil vezes. Pessoas de outros estados, inclusive, ficaram sabendo do caso e também quiseram ajudar.
Um internauta comentou: “Oi, bom dia, qual o valor da marmitex? Não sou de BH, mas compro uma e vocês dão pra quem realmente precisa”.
A lanchonete “Uai Tche” fica localizada na Av. Senador Levindo Coelho - 510, no Bairro Tirol, em BH. O contato para pedidos é (31) 97265-9893.
“Minha mãe está transbordando de felicidade”
Lucas Natan, filho de Marilda, conversou com a reportagem do Estado de Minas e detalhou um pouco mais da história, já que, após a divulgação da lanchonete, os pedidos dispararam.
“Eu não sei nem como agradecer por tudo isso, minha mãe está transbordando de felicidade. O apoio das pessoas foi muito importante. Estamos sem reação com tantos pedidos. A possibilidade de ajudar quem precisa nos alegra muito”, disse.
O filho explica que a mãe sempre teve o sonho de trabalhar com alimentação. “Depois que ela foi mandada embora, resolveu abrir uma lanchonete para vender cachorro quente, caldos, à noite tinha macarrão na chapa. Há mais ou menos um mês ela começou a tentar vender marmitex, só que não estava tendo retorno, não tinha muita venda”, conta.
Marilda resolveu mandar uma mensagem para o filho, dizendo para ele que não tinha realizado nenhuma venda na segunda-feira, e que ele poderia ir buscar a comida para ele.
“Eu então resolvi publicar no Twitter, com o objetivo de divulgar para ver se a galera começava a pedir. Eu só tenho 600 seguidores, nunca imaginei que chegaria nessa proporção”, explicou.
Onda de solidariedade
Lucas esclareceu que fez o post nas redes sociais e, horas depois, quando voltou para olhar, o tuíte tinha viralizado.
“Pessoas de todos os cantos do Brasil querendo ajudar, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Fortaleza foram alguns. O pessoal de Minas Gerais também ajudou em peso, até mesmo o Samuel Venâncio, jornalista, me fez o Pix no valor de 10 marmitas”.
Ele conta que ficou muito grato, pois as pessoas se preocuparam com um bom uso da mercadoria. “Para mim foi uma surpresa essa solidariedade toda. Eu não esperava que as pessoas fossem pedir marmitas e solicitassem a doação. Minha mãe estava completamente sem esperanças e agora está super feliz, porque foi ajudada e pode ajudar outras pessoas também. Isso é surpreendente”, contou.
Lucas e Marilda entregaram as marmitas para pessoas em situação de rua, como foi pedido pelas pessoas.
“A solidariedade atravessou o Brasil inteiro. Eu espero que cada um que doou entenda a importância enorme disso tudo”, afirmou Lucas.
De acordo com ele, a lanchonete da mãe, que antes contava com cinco pedidos de marmitex por dia, hoje está com mais de trinta. “A gente está até dispensando pedido, porque ainda não temos tanta estrutura para receber. Só hoje saíram pelo menos trinta. Fora quem veio aqui para almoçar. Estamos dando nosso melhor para corresponder à altura.”
“A internet tem o poder de ajudar”
Lucas acredita que a internet tem um poder enorme de ajudar as pessoas, apesar de em alguns momentos ser palco de "cancelamentos" e discussões.
“As redes sociais de grande alcance, como o Instagram e o Twitter, são ferramentas primordiais para ajudar as pessoas. A gente sempre espera coisas ruins, como 'cancelamentos', mas ela pode se transformar numa rede de solidariedade imensa”, argumentou.
Ele acrescenta que já viu várias pessoas serem ajudadas por mobilizações feitas pela internet e acredita nesse potencial. “Ela pode e deve ser usada para isso, trazer esperança e alegria para as pessoas. Às vezes pode parecer uma terra sem lei, mas também é uma terra de prosperidade”, completou.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira