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Estado de Minas Religião

Os segredos da escultura da padroeira de MG que chega à catedral Cristo Rei

Artista que criou releitura da imagem de Nossa Senhora da Piedade revela inspiração para sua maior criação e símbolos que integram a 1ª obra de arte do templo


30/07/2022 04:00 - atualizado 30/07/2022 07:19

Obra em bronze representa o manto de Nossa Senhora da Piedade
O artista Guilherme Marques e sua maior e melhor obra, como ele mesmo define: manto de Nossa Senhora da Piedade recria o relevo montanhoso de Minas, com marcas da mineração (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

A manhã deste sábado (30/07) será festiva e com uma grande novidade na Catedral Cristo Rei, em construção na Região Norte da capital. O templo, chamado “o coração da Arquidiocese de Belo Horizonte”, recebe sua primeira obra de arte: uma “releitura” da imagem de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas, escultura de bronze feita pelo artista Guilherme Marques, de 38 anos, residente em Cristiano Otoni, na Região Central do estado, e formado em artes plásticas, com especialização em escultura, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
 
“Este é meu maior e melhor trabalho”, disse o artista, na tarde de ontem, ao lado da peça que pesa mais de 2 toneladas (1,7t de bronze, além do suporte de ferro). Da concepção ao final, foram quatro anos de trabalho. Futuramente, a imagem ficará na frente do templo, podendo ser vista por quem passar na Avenida Cristiano Machado. Por enquanto, a escultura se encontra no espaço de celebrações.
 
O arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo presidirá a bênção com a coroação da imagem de Nossa Senhora da Piedade, que passa a integrar o conjunto arquitetônico da Catedral Cristo Rei. A cerimônia está marcada para 9h50. Conforme a Arquidiocese de BH, a apresentação da peça com 3 metros de altura, 4m de largura e 8m de comprimento (da ponta dos pés ao final do manto) ocorre em contexto especial: em 31 de julho, são celebrados os 62 anos da consagração de Minas Gerais a Nossa Senhora da Piedade, após ser reconhecida, em 1958, padroeira do estado, por São João 23, papa da Igreja Católica.
 
A festa que lembra tal reconhecimento é tradicionalmente vivida pelos fiéis no Santuário da Padroeira de Minas Gerais, no alto da Serra da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) mas, neste ano, será também celebrada na Catedral Cristo Rei, com programação especial (veja o quadro) e integrando fé, arte e cultura.
releitura da imagem de Nossa Senhora da Piedade feita em bronze
Artista que criou releitura da imagem de Nossa Senhora da Piedade revela inspiração para sua maior criação e símbolos que integram a 1ª obra de arte do templo (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

Inspiração em Aleijadinho 

 
Após receber o convite de dom Walmor, que conheceu por intermédio do bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom Geovane Luís da Silva, o escultor Guilherme Marques se espelhou no ícone de Nossa Senhora da Piedade, do século 18, do mestre Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), obra que está no altar da Ermida da Padroeira de Minas Gerais – menor basílica do mundo, no ponto mais alto do Santuário da Serra da Piedade. Mas, inspirado, deu seu toque particular, incorporando as montanhas ao manto.
 
“De frente, temos a Nossa Piedade com o Cristo nos braços. Já no manto, na parte de trás, há uma recriação das montanhas do nosso estado, mas lembrando os taludes nas encostas. Estão gravadas, portanto, as marcas da mineração”, afirma Guilherme Marques. Ele se diz “honrado” com a oportunidade e destaca o envolvimento, na concepção da obra, não só de dom Walmor e dom Geovane, como também da equipe de modelagem e da Fundição Artística São Vicente, de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Catedral para amparar pobres


Planejada há quase 100 anos para ser a Igreja-Mãe da rede de comunidades de fé da Arquidiocese, a Catedral Cristo Rei começou a ser construída em 2013, a partir de um projeto novo, adequado ao atual momento da história, a partir concepção do arquiteto Oscar Niemeyer. A infraestrutura da catedral, além de receber momentos de espiritualidade, é dedicada ao cuidado com os pobres, a iniciativas educativas e culturais. A obra, possível graças à solidariedade, concentra-se atualmente no templo da Catedral, chamado de Tenda da Paz, que deve ser concluído ainda este ano. Com o avanço dos trabalhos, a Catedral Cristo Rei já recebe importantes iniciativas de amparo aos pobres e celebrações especiais.
 
PROGRAMAÇÃO

8h30 – Terço Cantado pelo  padre Joãozinho, um dos mais renomados cantores católicos da atualidade.

9h – Reflexão: A paz que Jesus nos manda levar, com o Irmão Afonso Murad

9h50 – Bênção e coroação da imagem de Nossa Senhora da Piedade

10h10 – Reflexão: A paz que é fruto do espírito, com o frei Jonas Nogueira

10h40 – Reflexão: A paz que o Pai nos dá, com o padre Joãozinho

11h15 – Mesa redonda: Nossa Senhora da Piedade no seio da Trindade, com o padre Evandro Campos Maria

15h – Terço perpétuo e Missa, com a participação dos grupos Terço dos Homens

18h – Momento cultural “Grandes Vozes na Catedral”, com reflexão conduzida pelo 
padre Luís Henrique Eloy e Silva e apresentação musical reunindo o tenor Matheus Pompeu e o pianista Wagner Sander (ingressos via Sympla). 


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