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Estado de Minas BELO HORIZONTE

Delegado que matou motorista é indiciado por homicídio qualificado

Rafael de Souza Horácio se entregou atendendo a um pedido da Corregedoria Geral da Polícia Civil, que investiga o caso


30/07/2022 17:55 - atualizado 30/07/2022 19:27

Motoristas de reboque e amigos protestaram na quinta-feira (27/7) contra a morte de condutor vítima de delegado
Motoristas de reboque e amigos protestaram na quinta-feira (27/7) contra a morte de condutor vítima de delegado (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
O delegado Rafael de Souza Horácio, que na última terça-feira assassinou com um tiro o motorista de um caminhão reboque, Anderson Cândido de Melo, de 44 anos, foi indiciado pelo crime de homicídio qualificado, de acordo com informações cedidas pelo porta-voz da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Saulo de Tarso Castro, na tarde deste sábado (30/7).

 

Rafael de Souza Horácio se entregou atendendo a um pedido da Corregedoria Geral da Polícia Civil, que investiga o caso. O crime ocorreu durante uma briga de trânsito, na Avenida do Contorno, altura do Bairro Lagoinha, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.

 

Segundo Saulo de Tarso Castro, porta-voz da PCMG, “trata-se de uma prisão temporária, conforme o entendimento do Ministério Público de Minas Gerais, por se tratar de crime hediondo. O prazo da prisão temporária é de 30 dias, podendo ser prorrogada em mais 30 dias”, disse.  

 

Ele informou ainda que Rafael de Souza Horácio foi procurado em sua residência, durante a manhã de sábado, mas não foi encontrado. “Depois, ele se apresentou com o seu advogado”, afirmou, explicando que o homicídio qualificado é aquele com pena maior – de 12 a 30 anos de prisão. As circunstâncias do crime mostram que o assassinato ocorreu por motivo fútil e sem defesa da vítima. O inquérito, acrescentou, retornará à Polícia Civil para complementação das diligências.

 

Saulo de Tarso Castro, delegado e porta-voz da PCMG
Saulo de Tarso Castro, delegado e porta-voz da PCMG (foto: Polícia Civil/Divulgação)
 

 

EM FAMÍLIA

 

Segundo o advogado de Anderson Cândido de Melo, Raphael Nobre, a prisão e o indiciamento são um alívio: “Ressaltamos a confiança na Polícia Civil, no Ministério Público e no Poder Judiciário”. O Estado de Minas entrou em contato com uma pessoa da família do motorista assassinado e obteve como resposta a informação de que, por enquanto, "ninguém vai se manifestar a respeito do caso”.

 

Já uma pessoa ligada à família explicou que os parentes de Anderson Cândido de Melo, residente no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de BH, ainda não se recuperaram do duro golpe. “É como se a ficha ainda não tivesse caído. Parece que todos estão meio perdidos, sem conseguir acreditar no que aconteceu. Está tudo muito recente, não tem nem uma semana”, disse a pessoa.

 

O motorista tinha duas filhas, de 15 e  18 anos, e dois enteados, um rapaz e uma moça, de 29 e 27 anos.

 

LEGÍTIMA DEFESA

 

Segundo informações da Polícia Civil, o delegado se apresentou à corporação acompanhado do advogado Daniel Magalhães Bastos. Sua carteira funcional de policial foi recolhida.

 

Segundo as primeiras informações, o delegado declarou sua versão sobre o ocorrido, alegando ter agido em legítima defesa. Ele chegou a ser liberado pela autoridade responsável pelo caso, cujo nome ainda não foi revelado. A decisão teria sido tomada devido à apresentação espontânea do policial.

 

Familiares da vítima não aceitam a alegação de legítima defesa feita pelo delegado. Amigos do motorista também saíram em sua defesa. Todos alegam que Anderson era uma pessoa pacata e religiosa e que se preocupava em cuidar da família. Ele deixou mulher e duas filhas.

 

ENTENDA O CASO

 

- A discussão teria começado após o carro em que o delegado estava ser fechado pelo veículo da vítima. Durante um bate-boca, o policial saiu do automóvel, enquanto o outro motorista teria acelerado contra ele.

 

- O delegado então sacou a arma e atirou em direção ao caminhão, atingindo a vítima no pescoço. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital João XXIII, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

 

- O caso ocorreu na Avenida do Contorno, perto do cruzamento com a Rua Mato Grosso, na saída do Viaduto Oeste.


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