Rafael de Souza Horácio se entregou atendendo a um pedido da Corregedoria Geral da Polícia Civil, que investiga o caso. O crime ocorreu durante uma briga de trânsito, na Avenida do Contorno, altura do Bairro Lagoinha, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Segundo Saulo de Tarso Castro, porta-voz da PCMG, “trata-se de uma prisão temporária, conforme o entendimento do Ministério Público de Minas Gerais, por se tratar de crime hediondo. O prazo da prisão temporária é de 30 dias, podendo ser prorrogada em mais 30 dias”, disse.
Ele informou ainda que Rafael de Souza Horácio foi procurado em sua residência, durante a manhã de sábado, mas não foi encontrado. “Depois, ele se apresentou com o seu advogado”, afirmou, explicando que o homicídio qualificado é aquele com pena maior – de 12 a 30 anos de prisão. As circunstâncias do crime mostram que o assassinato ocorreu por motivo fútil e sem defesa da vítima. O inquérito, acrescentou, retornará à Polícia Civil para complementação das diligências.
EM FAMÍLIA
Segundo o advogado de Anderson Cândido de Melo, Raphael Nobre, a prisão e o indiciamento são um alívio: “Ressaltamos a confiança na Polícia Civil, no Ministério Público e no Poder Judiciário”. O Estado de Minas entrou em contato com uma pessoa da família do motorista assassinado e obteve como resposta a informação de que, por enquanto, "ninguém vai se manifestar a respeito do caso”.
Já uma pessoa ligada à família explicou que os parentes de Anderson Cândido de Melo, residente no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de BH, ainda não se recuperaram do duro golpe. “É como se a ficha ainda não tivesse caído. Parece que todos estão meio perdidos, sem conseguir acreditar no que aconteceu. Está tudo muito recente, não tem nem uma semana”, disse a pessoa.
O motorista tinha duas filhas, de 15 e 18 anos, e dois enteados, um rapaz e uma moça, de 29 e 27 anos.
LEGÍTIMA DEFESA
Segundo informações da Polícia Civil, o delegado se apresentou à corporação acompanhado do advogado Daniel Magalhães Bastos. Sua carteira funcional de policial foi recolhida.
Segundo as primeiras informações, o delegado declarou sua versão sobre o ocorrido, alegando ter agido em legítima defesa. Ele chegou a ser liberado pela autoridade responsável pelo caso, cujo nome ainda não foi revelado. A decisão teria sido tomada devido à apresentação espontânea do policial.
Familiares da vítima não aceitam a alegação de legítima defesa feita pelo delegado. Amigos do motorista também saíram em sua defesa. Todos alegam que Anderson era uma pessoa pacata e religiosa e que se preocupava em cuidar da família. Ele deixou mulher e duas filhas.
ENTENDA O CASO
- A discussão teria começado após o carro em que o delegado estava ser fechado pelo veículo da vítima. Durante um bate-boca, o policial saiu do automóvel, enquanto o outro motorista teria acelerado contra ele.
- O delegado então sacou a arma e atirou em direção ao caminhão, atingindo a vítima no pescoço. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital João XXIII, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
- O caso ocorreu na Avenida do Contorno, perto do cruzamento com a Rua Mato Grosso, na saída do Viaduto Oeste.