Uma obra misteriosa tem causado incômodo no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Sem qualquer identificação, há cerca de 15 dias, tratores e caminhões removem e carregam terra durante todo o dia, levantam poeira e causam tremores nas casas vizinhas. Moradores tentam contato com a prefeitura, mas reclamam de falta de transparência.
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Supervisor de uma clínica de psicologia que fica em frente à obra, Thiago César Duarte ressalta que a poluição do ar causa problemas respiratórios e a situação é agravada pelo período seco.
“Como estamos no tempo seco, já há muitos dias sem chuva, o problema se agrava. É uma poluição muito grande, muita poeira. E o caminhão pipa não passa sempre, é só quando a gente reclama”, aponta
Para o casal Jarbas e Marisa Ribeiro, a obra mudou até o comportamento e o contato com a família. Marisa, de 77 anos, conta que já não passa o dia na própria varanda após ter a visão obstruída por contêineres portuários que foram instalados em frente à sua casa.
“Eu fico sentada na minha varanda, apreciando o movimento, porque eu saio pouco. E agora eu não posso mais. Primeiro por causa da poeira e depois pelos contêineres que tapam completamente o visual. Eu conversei com o dono da obra e ele disse que ia tirar, mas falou e não tirou”, reclama.
Jarbas, de 88 anos, disse que teme pela segurança da rua após o início das obras. Com os contêineres e as máquinas, o aposentado diz que a iluminação fica comprometida e criminosos podem usar as estruturas como esconderijo.
“O dia inteiro é barulho, a casa não tem como limpar, é muita poeira, os contêineres tiraram a visão da gente e a gente tem medo também porque a rua fica mais escura, pode ter algum bandido escondido aí no meio. Eu já falei pros meus filhos e netos para não visitar mais a gente à noite, porque é perigoso”, protesta.
O que diz a prefeitura
A reportagem esteve no local durante a tarde desta quinta-feira (4/8). No mesmo período, um fiscal da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) fazia uma vistoria e conversava com moradores. Segundo ele, a licença para a intervenção seria checada e, no caso de irregularidades, a obra poderia ser embargada na sexta-feira (5/8).
Procurada pela reportagem, a PBH confirmou, no fim desta tarde, que há no local uma “grande movimentação de terra sem o devido licenciamento”. O município ordenou a paralisação e o embargo da obra, mas não especificou quando será feita a interdição.
O Estado de Minas ainda questionou qual é a natureza da intervenção e qual empreendimento funcionará no terreno da Rua Musas, mas não houve resposta.