Depois de meses de transtornos, dor de cabeça e até caso de polícia, motoristas que encaram diariamente a BR-262, uma das principais rotas de acesso ao Espírito Santo, poderão ser beneficiados com uma ação da prefeitura de Abre Campo, cidade que fica na Zona da Mata mineira. O município de 13,4 mil habitantes desapropriou nesta semana um terreno para a construção de um desvio que passa pela rodovia e que servirá de opção para dar continuidade ao fluxo em um trecho interditado desde janeiro.
O trânsito no local precisou ser interrompido em função de uma grande cratera formada pelas fortes chuvas que atingiram a região. Após quase 15 dias sem fluxo, empresários optaram por fazer um desvio provisório por conta própria em um terreno particular para que a carga dos veículos pesados pudesse ser escoada sem maiores prejuízos.
Atualmente, são pelo menos quatro erosões engolindo as pistas entre João Monlevade e Abre Campo, sendo que nessa última cidade as chuvas interditaram a via em 18 de janeiro, após o Rio Santana ter devastado a base da estrada. Há três desvios precários providenciados pela prefeitura local, mas antes deles o município ficou durante uma semana sem acessos e intransponível aos viajantes.
A solução encontrada para aliviar o problema só foi possível após um tumulto nesta semana em Abre Campo, com direito a caso de polícia. O dono do terreno em que ficava o desvio antigo interrompeu o fluxo de veículos, alegando que não havia recebido uma quantia de R$ 100 mil a ser paga pelos empresários da região. O trânsito ficou parado por cerca de 2 horas e inclusive impediu que uma ambulância levasse um paciente a um hospital de Belo Horizonte.
Populares e motoristas chamaram a polícia para informar sobre a interdição do trecho. Segundo o boletim de ocorrência, o proprietário do terreno usou uma retroescavadeira para fazer uma vala e impedir a passagem dos carros.
No decreto assinado pelo prefeito Vitor Oliveira, o município de Abre Campo se compromete a fazer intervenções em caráter imediato e indenizar, no caso de dano, os proprietários do terreno onde ficará o desvio. A cidade não especificou as melhorias a serem feitas no local.
Melhorias
Quem passa pelo local atualmente vê com bons olhos a intervenção: “Evitamos de ir para o lado de lá, porque ficamos agarrados. Muita gente tem deixado de ir por causa disso. Atrapalhou muito a região. Já tivemos briga e problema. Temos de esperar a boa vontade do governo federal para que o problema seja devidamente resolvido. O desvio pode ser uma boa solução”, argumenta Raul de Carvalho, presidente da associação comercial e do sindicato dos produtores rurais de Rio Casca, cidade que também depende do escoamento de cargas feito pela BR-262.
No dia a dia, há muita reclamação pela falta de posição do governo federal. “Embora seja um trecho afastado da nossa região, nos causa muito transtorno. A situação nos afeta como um todo no acesso às demais cidades, como Manhuaçu. Os motoristas gastam, em média, uma hora e meia. A rodovia passa na nossa porta. O problema ocorreu em janeiro, mas até agora o Dnit não deu solução”, afirma José Roberto Guimarães, prefeito de São José do Goiabal e ex-presidente da associação dos prefeitos da região.
“Os prefeitos têm se esforçado para contornar o problema. Mas falta uma ação mais concreta do governo federal”, conclui.