Jornal Estado de Minas

HISTÓRICO DE TRAGÉDIAS

Anel: 'Imprudência é principal fator de acidentes', diz comandante da área


Apesar das tragédias que marcam a história do Anel Rodoviário, como o acidente que  aconteceu nesta quarta-feira (10/08), motoristas abusam da sorte e se arriscam em manobras imprudentes, como excesso de velocidade e desrespeito à sinalização. Na avaliação do tenente Luiz Fernando Ferreira, da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e comandante do policiamento no Anel Rodoviário, esse comportamento facilita acidentes na via expressa.



"Independentemente das condições da via, se o condutor for prudente o acidente não vai acontecer. Basicamente, quando a gente fala em acidente no Anel Rodoviário é um conjunto de fatores, mas o principal deles é a imprudência dos condutores", avalia o tenente.

Na madrugada desta quarta-feira, um acidente envolvendo uma carreta fechou o Anel Rodoviário, na altura dos bairros São Gabriel e Maria Goretti, na Região Nordeste, e deixou uma motociclista ferida. "Apesar de não ser perito e, em momento algum, minha fala substitui o trabalho de perícia, você vê que ações preventivas dos condutores inibiram acidentes, como o que aconteceu hoje", afirma.

Acidentes no Anel


Com 26,5 quilômetros, em um traçado antigo, da década de 1950, criado para desafogar o fluxo de veículos de carga no centro de BH, o Anel Rodoviário não tem acostamento, o que, na avaliação do comandante da PMRv, torna a via ainda mais perigosa. "É uma rodovia com 160 mil veículos transitando que não tem acostamento. Uma simples pane de um veículo pode ocasionar vários acidentes, como já aconteceu inúmeras vezes. Você não tem onde colocar esse veículo", afirma.



Um dos pontos críticos do Anel Rodoviário, além da tradicional descida do bairro Betânia, na região Oeste de BH, é o km 470, próximo a Praça São Vicente. "O Anel é uma mescla de trânsito urbano com trânsito rodoviário. São automóveis, motocicletas e bicicletas transitando lado a lado com caminhões e carretas, veículos que possuem diversos pontos cegos", aponta o tenente.

"É uma via bastante arcaica. Você não tem acostamento, pega esses veículos e coloca todos na mesma pista. O afunilamento de faixas gera retenção, nas retenções motociclistas trafegam no corredor, e é onde vêm a acontecer acidentes, já que o ponto cego desses veículos é bastante considerável, por exemplo", complementa.

Área de escape


Para o tenente Luiz Fernando Ferreira, a área de escape do Anel Rodoviário, inaugurada no último dia 31 de julho, traz uma sensação de segurança, mas é apenas um primeiro passo.



"É um local que o motorista passa a ter como referência, ele sabe que tem esse recurso. Ao analisar todo o histórico do Anel que nunca passou por uma reforma estrutural entendo como um primeiro passo uma excelente medida. Obviamente precisamos de mais áreas. Uma só ainda é insuficiente", avalia.

A retirada de radares do Anel Rodoviário também contribui para o aumento no número de acidentes. "O Anel é uma grande avenida de Belo Horizonte. Parte dele não tem radar, o que auxiliaria nesse controle de velocidade dos veículos. O problema é muito maior do que a gente pensa", destaca.