Por ser considerada ré primária, Kenia Mara do Patrocínio Silva Santos, de 30 anos, a mulher que matou o namorado, o ex-policial federal Jefferson Boschi Tiago, de 65, no último sábado (6/8), com 50 facadas, na casa dele, no Bairro Olaria, região do Barreiro, em Belo Horizonte, vai aguardar o julgamento em liberdade. Ela foi liberada, nessa terça-feira (9/8), da 2ª Delegacia Especializada em Investigação de Homicídios do Barreiro (DHPP).
A mulher, que somente confessou o crime na segunda-feira, dois dias depois do crime, estava acompanhada de sua advogada desde que se entregou à polícia .
O inquérito policial, ainda não foi concluído, pois a Polícia Civil aguarda a conclusão do exame de corpo de delito, pelo Instituto Médico Legal (IML), onde o corpo está desde segunda-feira (8/8), dia em que foi encontrado.
Segundo informações da Polícia Civil, a advogada da ré apresentou provas de ameaças que teriam sido praticadas pela vítima contra a mulher.
Investigação
Novas provas e circunstâncias foram obtidas pelos policiais da Divisão de Homicídios na investigação do assassinato do médico Jefferson, que também era médico.
Um levantamento feito sobre a vida da vítima mostra que, antes de se tornar médico, ele era policial federal e vivia em Carapebus, no Espírito Santo, onde trabalhava no combate ao contrabando. Para isso, se disfarçava de surfista.
Bem sucedido nessa missão, foi designado para o combate ao tráfico de drogas, no Suriname. No país, foi alvo de uma emboscada feita por traficantes e, ao tentar escapar de motocicleta, caiu e sofreu fraturas.
Em consequência disso, teve de colocar próteses e acabou sendo aposentado por invalidez. Foi quando decidiu cursar medicina, tendo se formado e especializado em clínica geral.
Desde então, passou a atuar na medicina comunitária. Trabalhou primeiro em Martinho Campos, onde tinha um consultório. Mais recentemente, havia montado um consultório no Bairro Padre Eustáquio, em BH, onde atendia exclusivamente pobres, cobrando R$ 10 por consulta. “Esse dinheiro era exclusivamente para manter o consultório”, diz um primo da vítima.
O médico era espírita e desenvolvia um trabalho na Fraternidade Espírita Irmão Glacus, no Padre Eustáquio.