Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, estará movimentada entre os dias 16 e 21 deste mês com a realização das "Festas de Agosto", que representam uma das mais antigas tradições do estado, com 181 anos de existência.
A manifestação folclórica é destaque em exposição fotográfica promovida na cidade que reúne saúde e cultura no mesmo espaço.
Foi aberta na noite de terça-feira (9/8), a exposição “Olhos da Terra – Cultura popular e expressões sertanejas”, do fotógrafo Solon Queiroz.
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Com 14 quadros de fotografias em tamanhos variados e cores em preto e branco, a exposição presta homenagem aos falecidos mestres dos grupos de catopês, marujos e caboclinhos, principais astros das "Festas de Agosto".
O mais conhecido deles foi João Pimenta dos Santos, o mestre Zanza, falecido em 25 de outubro de 2021, aos 88 anos. Ele foi presidente da Associação dos Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros.
Mestre Zanza participava da manifestação folclórica da cidade-polo do Norte de Minas desde os 5 anos de idade. Ele tornou-se o principal líder dos catopês (semelhantes aos integrantes de congados de outras cidades mineiras) nas "Festas de Agosto", manifestação religiosa e cultural criada pelos escravos.
O fotógrafo Solon Queiroz ressalta que a mostra fotográfica está inserida em projeto, também denominado “Olhos da Terra – Cultura Popular e Expressões Sertanejas”, que tem como objetivo “a documentação e a divulgação da cultura popular, das manifestações religiosas, dos costumes e dos saberes do sertão”.
Ele destaca que a exposição presta homenagem aos antigos mestres dos grupos de dançantes das "Festas de Agosto" também com a proposta de valorizar a manifestação folclórica, que deixou de ser realizada nos últimos anos por causa da pandemia do novo coronavírus.
“A exposição tem o objetivo não somente de fazer um resgate das Festas de Agosto, mas também a valorização da cultura dos catopês, marujos e caboclinhos”, assegura Solon.
“A proposta da exposição é tentar levar para a sociedade o reconhecimento e a necessidade da preservação dessa cultura popular que movimenta e alegra o mês de agosto”, complementa o fotógrafo.
Nos imagens expostas, o fotógrafo de Montes Claros esbanja sensibilidade e olhar clínico, retratando os falecidos mestres dos grupos de dançantes das festas, em diferentes momentos, mostrando o colorido das suas roupas e fitas, além da interação com o público.
"Olhos da terra é o meu olhar para a nossa própria cultura”, afirma Solon Queiroz, que é natural de Montes Claros.
Ele lembra que a mostra resulta de mais de 20 anos de trabalho em que acompanha e fotografa a festa folclórica do Norte de Minas, “desde a época do (filme) negativo até o digital”.
Solon diz ainda que, embora estejam reunidas na exposição 14 fotos, ao longo das mais de duas décadas de documentação da tradição, colecionou mais de 20 mil imagens dos grupos de catopês, marujos e caboclinhos.
A empresária Tereza Pimenta Catrinck, uma das proprietárias do espaço onde foi montada a exposição fotográfica sobre os antigos mestres das centenárias "Festas de Agosto", explica que, além de apoiar a manifestação folclórica, a iniciativa visa estimular outros empresários a valorizar a cultura regional.
“Quem tem raiz aqui, sabe o valor que os catopês têm para para nossa terra”, assegura Tereza.
Ela salienta que saúde e cultura são duas coisas que andam juntas. “Têm tudo a ver. Quem tem uma saúde mental equilibrada, tem uma saúde fisiológica estabelecida. Isso ajuda na 'saúde cultural'. Sou apaixonada pela cultura. Uma coisa que alivia o estresse e ajuda junto na saúde é a apreciação das artes”.