Os motoristas de aplicativo de Belo Horizonte poderão usar uma faixa de identificação nos veículos a partir desta quarta-feira (10/8). A identificação poderá ser feita com um adesivo fluorescente na parte lateral inferior do veículo. Nem todos motoristas, porém, gostaram da ideia.
A lei foi sancionada nesta terça-feira (9/8), após ter sido aprovada na Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte em junho.
No Diário Oficial do Município desta quarta-feira (10/8) foi publicada, junto com a lei, um anexo que estabelece a padronização do adesivo. A identificação deve ter três faixas, uma laranja, uma verde e uma vermelha, com os dizeres “motorista de aplicativo”.
Flávio Hastenreiter, de 48 anos, trabalha como motorista da Uber e não pretende usar a identificação. O motivo, disse ele, é simples e objetivo: segurança. Na sua opinião, tanto motoristas como passageiros vão ficar muito mais expostos aos bandidos do que já estão atualmente.
“Se você pega um Uber e no meio do caminho, ou chegando ao destino, passa por bandidos, eles vão ver e na mesma hora identificar uma presa fácil e vulnerável para praticar o assalto. São duas vítimas: o motorista e você”, disse Flávio.
Marcelo Fabian Telles de Souza não sabia da nova lei, mas também não gostou da ideia. O motorista de 53 anos trabalha há 5 anos no transporte de passageiros e não pretende instalar a identificação. Para ele, o adesivo chama muito a atenção de bandidos, e como é comum ficar em locais parados durante o serviço, o perigo aumenta.
Ele comentou que alguns motoristas estavam sendo multados por usarem identificação da Uber ou de outras empresas, o que era proibido até então. Sendo facultativo, o adesivo vai ajudar essas pessoas que querem identificar os carros.
Marcelo até acha que ajuda os passageiros a acharem os carros, mas não vai aderir. Ele já fez cinco mil viagens e disse que nunca teve problemas, no máximo dois passageiros que receberam nota baixa; o resto, é só cinco estrelas.
O motorista comentou que conversou com outros colegas de profissão, e que a maioria ainda não sabe sobre a novidade. Quem sabe com mais pessoas usando, o adesivo cole. Mas, por enquanto, a adesão parece baixa.
Flávio questionou não só a nova lei, mas a falta de iniciativas da prefeitura de Belo Horizonte para sua categoria. “O que a Prefeitura de Belo Horizonte fez até hoje para nos apoiar realmente? Nada”, disse o motorista. Ele criticou o pagamento de taxas no aeroporto, além das taxas da própria Uber, assim como as ruas esburacadas e a sinalização de trânsito precária. “No final, sai tudo do nosso bolso”, concluiu.