“O exame de DNA foi concluído ontem à noite. Nós solicitamos com base em materiais colhidos no corpo da vítima. Parte deste material coincidiu com o perfil genético do Paulo, que havia fornecido (o material) na segunda-feira, logo após o crime.”
O delegado disse ainda que a menina foi estuprada e morreu por asfixia, no dia do desaparecimento. “Ela tinha uma corda amarrada no pescoço e outra presa ao corpo. Supomos que era para mantê-la na posição fetal, para facilitar o transporte até o local em que ela foi encontrada. Ela desapareceu domingo às 17h40 e seu corpo foi colocado por volta das 21h30 no local.”
Segundo ele, não é possível saber ainda se a morte da criança aconteceu na casa do acusado e se a violência também foi praticada no local.
Investigações continuam
De acordo com Werneck, tudo leva a crer que o suspeito agiu sozinho. “Apesar de não ter assumido a autoria, em confrontação com outros elementos demonstram que ele mentiu (ao negar que tivesse cometido o crime).”
As investigações ainda estão em andamento, com diligências a serem cumpridas e alguns elementos ainda não podem ser divulgados. “Não há dúvidas a respeito da autoria, materialidade e de parte das circunstâncias já esclarecidas até este momento”, afirmou o chefe da Polícia Civil, Joaquim Francisco Neto e Silva.
O delegado Fábio Werneck disse ainda que os pais de Bárbara foram ouvidos formalmente ontem. Antes eles já tinham sido entrevistados. Destacou que os policiais estiveram na casa do suspeito mais de uma vez e a perícia foi feita no local. “Essas investigações ainda estão em andamento. Trabalhamos com a hipótese do corpo ter sido transportado pelo carrinho de mão.” Há imagens do acusado levando um carrinho coberto por um pano.
O homem não havia sido indiciado ou investigado por crimes de natureza sexual. “O que não quer dizer que ele nunca cometeu crimes deste tipo.”
Ouvido e liberado
O delegado explicou também porque Paulo Sérgio foi ouvido e liberado. Segundo ele, a lei não permitia que o homem fosse mantido preso naquele momento. “O corpo não havia sido encontrado, não sabíamos do crime ou qual crime tinha sido praticado. Ele foi capturado pela PM um dia depois. Poderíamos prendê-lo por mandado de prisão ou flagrante delito, mas não se encaixou em nenhuma dessas circunstâncias.”
Segundo Werneck, naquele momento a polícia ainda não tinha acesso às imagens completas das câmeras de segurança.
“Não havia situação de flagrante e não cabia prisão preventiva, porque naquele momento não havia provas de que ele havia sequestrado, matado ou praticado algum crime contra a Bárbara. Além disso, na delegacia ele concordou em prestar declarações e, ele nem era obrigado a isso, em fornecer o material genético. Ainda que tenha negado (a autoria), não estava prejudicando as investigações.”
Em relação aos elementos encontrados na casa do suspeito, o delegado afirmou que o saco de pão não seria o mesmo comprado pela menina, que também teria comprado um suco de saquinho não encontrado. Ele negou que documentos da mãe de Bárbara tenham sido encontrados na casa do suspeito.
Além disso, ele afirmou que o suspeito e a menina se encontraram por acaso na rua. Assim, o crime não teria sido planejado. “O que nós ainda não sabemos é se esse convencimento pode ter acontecido em um momento anterior. Porque eles se encontram muito rápido, questão de segundos. Acredito que pode ter havido outro encontro, ainda que distante dos pais, dos vizinhos, em que ele a convenceu.”
Destacou ainda que o depoimento dos pais da criança contribuiu muito para estabelecer a rotina diária de Bárbara. Os pais disseram que Paulo prestou serviços elétricos na casa da família na sexta-feira anterior ao desaparecimento, mas que ele e a menina não chegaram a conversar e nem ficaram sozinhos em nenhum momento. Porém, há cinco anos a família morava perto da casa dele e que lá o suspeito também prestava serviços para os pais da criança.
Jurado de morte
Em relação ao suspeito, o delegado disse que ele era usuário de álcool e não de drogas. Apesar de não presidir a investigação da morte de Paulo, o delegado acredita que ele tenha cometido suicídio.
Familiares disseram que ele precisou ir para a casa da tia diante das ameaças que estava sofrendo de moradores do bairro. “Ele estava jurado de morte na região do crime e não podia retornar para casa. Os familiares não se sentiram em condições de recebê-lo.” Além disso, segundo o delegado, o homem tinha pouco contato com a maioria dos familiares.