Um dos pontos turísticos mais visitados no Sul de Minas, o Parque das Águas de Caxambu será entregue à iniciativa privada. Com previsão de investimento de R$ 11 milhões para os interessados, a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) lançou nesta semana o edital de concessão do espaço. A licitação está agendada para 11 de outubro, em Belo Horizonte.
Atualmente, segundo a Codemge, o local gera um prejuízo de R$ 4 milhões anuais ao governo do estado. O contrato de concessão será de 30 anos. Mais de 120 mil pessoas visitam o parque por ano.
O edital prevê que todos os serviços, como gestão, limpeza e segurança, sejam realizados pelo futuro concessionário, que será avaliado por indicadores de desempenho.
A concessão do parque causou insatisfação entre ativistas da região. "É algo completamente inadequado, pois não esperávamos que o edital ocorresse em 2022, em plenas eleições. Fizemos uma série de questionamentos, mas não fomos atendidos. É um patrimônio muito importante para nosso estado. E há um risco enorme, pois a fiscalização é precária", avalia Maria Antônia Muniz Barreto, uma das fundadoras e vice-presidente da ONG Sociedade Amigos do Parque das Aguas.
O parque está localizado no centro da cidade e possui uma área de 210 mil metros quadrados, que conta com um lago, quadras esportivas e as famosas fontes de águas minerais, com propriedades medicinais.
No total, são 12 fontes de água, sendo 11 de água gasosa - Dona Leopoldina; Conde D’eu e Princesa Isabel; Duque de Saxe; Beleza; Dom Pedro; Viotti; Viotti Menor; Venâncio; Mayrink; e Ernestina Guedes.
"O parque é o atrativo principal da cidade. Os turistas vêm por conta do parque e das águas. Eles aproveitam os bares e restaurantes, mas vêm para aproveitar o parque. É a mesma coisa que ocorre nas praias do Rio de Janeiro. Como a iniciativa privada terá rentabilidade num local onde a Prefeitura de Caxambu e a Codemge dizem que há prejuízo. Somos totalmente contrários à privatização", afirma Maria Antônia.
Segundo ela, a entidade fez uma proposta de gestão compartilhada, com participação da socidade e do poder público, mas a iniciativa não foi atendida. "Qualquer interferência deve ser bem avaliada. A empresas privadas só têm compromisso com o lucro e não com a sustentabilidade."
Parque tombado
O parque é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). As águas também são tombadas pelo município.
O espaço contém ainda gêiser, coreto, esculturas e diversos outros elementos paisagísticos e mobiliários, além de quadras de tênis de saibro, quadras de vôlei tradicional e de areia, pista de cooper, área de piquenique, piscinas de água mineral (adulto e infantil), vestiários, ringue de patinação e playground.
Outras concessões
Outros patrimônios ambientais também podem deixar de ser administradas pelo governo de Minas. Um deles é a fonte do Marimbeiro, em Cambuquira, também no Sul do estado. As aguas das estâncias hidrominerais de Poços de Caldas e Conceição do Rio Verde são outras em avaliação para serem repassadas à iniciativa privada.