Os dois policiais militares que aparecem em vídeo espancando Marcos Mendonça Gonçalves, de 23 anos, após ele ser imobilizado durante abordagem policial no município de Paineiras, na Região Central de Minas, seguem trabalhando normalmente. A namorada Maísa Tavares, de 18, também foi agredida.
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Representação no MP e pedido de afastamento dos policiais
Também este domingo (14/8), o Estado de Minas conversou com Marcos Aurélio de Souza Santos, advogado criminalista que assumiu o caso. Segundo ele, trata-se de um claro episódio de abuso de autoridade.
Conforme Souza, a previsão é de que uma representação pedindo a investigação do caso seja entregue ao Ministério Público de Minas Gerais na próxima terça-feira (16/8). Para isso, o vídeo da agressão contra o casal e o laudo médico do IML estão entre os elementos que serão anexados no documento a ser remetido ao MP.
Para a defesa do jovem, "o que causou espanto é que, após a imobilização, ele foi agredido 11 vezes". "Até o momento da imobilização dele, entendo, a princípio, que a ação era legítima, pois não sabemos o que aconteceu. Mas quando as agressões começam, com 11 socos na cabeça, ele já estava imobilizado", avaliou.
Conselheiro seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Minas, Marcos Aurélio pontua que, também na próxima terça-feira, acionará a corregedoria da Polícia Militar de Minas Gerais. "Não há como brigar contra as imagens. Então, vamos pedir que os policiais sejam afastados de suas funções até que todas as apurações sejam feitas", disse Marcos Aurélio, destacando que a OAB Minas já foi notificada para acompanhar o caso.
Entenda o caso
Na noite de sexta-feira (12/8), no município de Paineiras, na Região Central do estado, Marcos Mendonça Gonçalves, de 23 anos, foi espancado após ser imobilizado durante uma ação policial. As agressões resultaram em hematomas por todo o corpo, além de sete pontos na parte de trás da cabeça. A namorada Maísa Tavares, de 18, levou um soco de um dos militares ao tentar interromper a agressão contra o companheiro.
Nas imagens – gravadas por uma testemunha que optou por não se identificar por medo de represálias –, Marcos cai no chão. Enquanto um dos policiais agride violentamente o rosto do rapaz, que tenta se proteger com os braços, outro militar segura suas pernas. O jovem foi golpeado pelo menos 11 vezes e acabou desmaiando.
Conforme boletim de ocorrência, a Polícia Militar teria recebido uma denúncia de que havia um homem soltando bombas em uma praça perto de crianças. Durante a abordagem, a PM alegou que foi desacatada com diversos xingamentos e, ao receber voz de prisão, Marcos teria resistido e “agrediu um dos militares com chutes e mordidas".
"Visando se defender das agressões, e resguardar a vida dos militares, foi necessário fazer o uso da força com golpes de defesa pessoal", justificou a PM.
"Visando se defender das agressões, e resguardar a vida dos militares, foi necessário fazer o uso da força com golpes de defesa pessoal", justificou a PM.
Questionado sobre a versão dos policiais, o jovem negou ter sido agressivo. "Não os desacatei. E mesmo que tivesse feito isso, nada justifica o que fizeram. É um absurdo! Estou no hospital até agora, com muita dor e tomei sete pontos na cabeça", afirmou, na ocasião.
Em comunicado emitido na tarde de sábado (13/8), a PM ratificou as informações do registro da ocorrência e disse que, diante da divulgação das imagens que mostram parte da ação policial, foi instaurado um procedimento para analisar a conduta dos militares durante a abordagem.