Jornal Estado de Minas

AGLOMERADO DA SERRA

PM diz que mulher baleada por companheiro o protege; Ela nega ter sido ele

Uma mulher de 20 anos e a irmã de 14 foram baleadas no Aglomerado da Serra, maior conjunto de favelas de Belo Horizonte. De acordo com ocorrência da Polícia Militar, a mais velha teria sido alvejada pelo próprio companheiro, mas se negou a o entregar. Já a vítima afirma ter sido coagida pela corporação e que tratou-se de uma bala perdida.



De acordo com o relatado pela polícia na Ocorrência, a jovem, a irmã, o companheiro, de 24 anos, e amigas estavam no baile funk que ocorreu na Avenida Jefferson Coelho da Silva, altura do número 5, local conhecido como Praça do Cardoso, na Vila Marçola, Região Centro-Sul de BH. As vítimas disseram não se tratar de baile.

Segundo a PM, elas contaram ter se envolvido em pelo menos três confusões e brigas, antes de sairem correndo. No último desses desentendimentos, a mulher de 20 anos disse ter brigado com o namorado e que, ao correr para fugir, sentiu uma dor forte em um dos ombros, vindo depois a ver que tinha levado um tiro.

Já a vítima deu uma outra versão da história na delegacia. Disse que estava com o companheiro na praça fazendo um lanche, se despediu dele e rumava para sua casa quando viu uma briga generalizada e soube que a irmã estava envolvida. Ela mandou a irmã ir emborae quando saia do local sentiu um tiro no ombro.



A jovem foi levada por populares de táxi para o Pronto-Socorro João XXIII, e foi somente no hospital que ela descobriu que a irmã de 14 anos também tinha levado um tiro de raspão no dedo da mão direita.

Policiais militares que atendiam a uma outra ocorrência no hospital foram acionados para esse caso de dupla tentativa de homicídio.

Contudo, em um dado momento, a mulher pediu para ir ao banheiro. Um dos militares a acompanhou até a porta e disse ter ouvido ela falar ao telefone para o namorado que não o iria entregar por ter lhe dado tiros e na irmã, mas que estava sendo pressionada pela polícia.

Ao sair do banheiro o militar requisitou o telefone da mulher para ser usado como prova material do crime. Ela se negou e por isso passou à condição de suspeita.

Já a vítima conta que brigou com o companheiro quando ligou para ele e pediu que olhasse a filha de 6 anos do casal. O desentendimento ocorreu por ela achar que ele teria feito "pouco caso" do seu ferimento. Segundo esse relato, os policiais entenderam errado e a pressionaram a dizer que o companheiro tinha disparado. Ela informou que ele já foi detido por tráfico, mas que não possui arma e trabalha como servente de pedreiro.

Mesmo tendo um filho com o namorado e o nome dele tatuado em um dos pés, a mulher se negou a dizer o nome do suspeito, segundo os militares. Após ser liberada, a mulher procurou advogados e cobra retratação dos policiais pelo que considera terem sido abusos.