Jornal Estado de Minas

VIOLÊNCIA POLICIAL

Jovem espancado por PMs em MG é levado ao hospital em BH com fortes dores

O jovem Marcos Mendonça Gonçalves, de 23 anos, espancado após ser imobilizado durante abordagem policial no município de Paineiras, na Região Central de Minas, foi levado por familiares para o Hospital Socor, em Belo Horizonte, na tarde desta segunda-feira (15/8). 




 
A informação foi confirmada à reportagem por Marcos Aurélio de Souza Santos, advogado criminalista que assumiu a defesa do rapaz. “Ele começou a passar mal. Está vomitando, com fortes dores de cabeça e tonturas. Então, o pai foi com ele até o hospital”. 


 
Até a publicação desta reportagem, o rapaz, ainda conforme o advogado, seguia em atendimento na unidade hospitalar. Por enquanto, não há informações se ele precisará ficar internado ou se será liberado nas próximas horas. A reportagem tentou contato com o hospital, mas as ligações não foram atendidas. 
 
Mais cedo, nesta segunda-feira, Marcos Aurélio – também conselheiro seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Minas – se encontrou com o rapaz e a namorada dele, Maísa Tavares, de 18, que também foi agredida durante a abordagem policial na última sexta-feira (12/8). 




 
Segundo ele, ao ser levado para a delegacia da Polícia Civil em Bom Despacho, não foi emitida a guia para que o jovem fizesse o exame de corpo de delito. 

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“Não sei por qual razão não fizeram o pedido e também não posso especular. Hoje fomos na delegacia aqui de Contagem, e o delegado, doutor Cleiton, nos atendeu muito bem e emitiu as guias para o Marcos e a namorada. De lá, fomos para o Instituto Médico Legal, em Belo Horizonte, onde os exames foram feitos”, conta o advogado, pontuando que os resultados devem sair na próxima segunda-feira (22/8). 

Tentativa de homicídio

Marcos Aurélio conta ainda que, após analisar melhor as imagens, concluiu que a agressão sofrida por seu cliente não se enquadra como lesão corporal, mas tentativa de homicídio. "Vou fazer esses apontamentos em uma representação ao Ministério Público e também na corregedoria da Polícia Militar", pontua.  
 
“A partir do momento que a pessoa está imobilizada e, mesmo assim, leva 11 socos na cabeça, ela poderia chegar a óbito. Já agendei um encontro, na quarta-feira (17/8), com um delegado de Abaeté que vai acompanhar o caso”, diz.  

Entenda o caso

Na noite de sexta-feira (12/8), no município de Paineiras, na Região Central do estado, Marcos Mendonça Gonçalves, de 23 anos, foi espancado após ser imobilizado durante uma ação policial. As agressões resultaram em hematomas por todo o corpo, além de sete pontos na parte de trás da cabeça. A namorada Maísa Tavares, de 18, levou um soco de um dos militares ao tentar interromper a agressão contra o companheiro. 
 
Nas imagens – gravadas por uma testemunha que optou por não se identificar por medo de represálias –, Marcos cai no chão. Enquanto um dos policiais agride violentamente o rosto do rapaz, que tenta se proteger com os braços, outro militar segura suas pernas. O jovem foi golpeado pelo menos 11 vezes e acabou desmaiando.




 
Conforme o boletim de ocorrência, a Polícia Militar teria recebido uma denúncia de que havia um homem soltando bombas em uma praça perto de crianças. Durante a abordagem, a PM alegou que foi desacatada com diversos xingamentos e, ao receber voz de prisão, Marcos teria resistido e "agrediu um dos militares com chutes e mordidas".
 
"Visando se defender das agressões, e resguardar a vida dos militares, foi necessário fazer o uso da força com golpes de defesa pessoal", justificou a PM. 
 
Questionado sobre a versão dos policiais, o jovem negou ter sido agressivo. "Não os desacatei. E mesmo que tivesse feito isso, nada justifica o que fizeram. É um absurdo! Estou no hospital até agora, com muita dor e tomei sete pontos na cabeça", afirmou, na ocasião. 
 
Em comunicado emitido na tarde de sábado (13/8), a PM ratificou as informações do registro da ocorrência e disse que, diante da divulgação das imagens que mostram parte da ação policial, foi instaurado um procedimento para analisar a conduta dos militares durante a abordagem.