O trabalho de arqueologia histórica feito nos escombros do casarão Solar Baeta Neves, do fim do século 19, no centro histórico de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, chega na reta final e dá início a um novo capítulo sobre a preservação da memória do que já foi um dia a primeira construção em estilo neocolonial na cidade.
Com o fim da fase de resgate dos escombros, uma faixa da Rua Diogo de Vasconcelos será liberada na sexta-feira (19/8) e, no espaço deixado, será construída uma praça memorial.
De acordo com a Secretaria de Cultura e Turismo de Ouro Preto, a retirada e recuperação dos fragmentos seguiram as normas patrimoniais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
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“Elas vão passar por higienização especializada, serão embaladas e acondicionadas. Estamos pensando em realizar uma exposição de curta duração futuramente” diz a secretária de Cultura e Turismo, Margareth Monteiro.
A secretária conta que o espaço será preservado em Ouro Preto como memória viva do casarão destruído em um dos maiores desastres geológicos da cidade.
Para isso, a prefeitura pretende projetar no local uma praça e alguns elementos do Solar Baeta Neves como, por exemplo, peças em cantaria que vão compor o mais novo espaço de convivência dos moradores e turistas.
Casarão Baeta Neves
O casarão Baeta Neves foi a primeira construção em estilo neocolonial de Ouro Preto. O documento mais antigo do terreno revela que ele foi adquirido em 1890 pela família Baeta Neves.
A casa tinha pisos em marchetaria e ladrilho hidráulico característico do século 19 e teto de madeira feito a mão. No mesmo período, foi construída a Estação Ferroviária Federal.
Os integrantes da família Baeta Neves eram comerciantes e achavam interessante manter um imóvel naquela localização, para que pudessem fazer transações e negociações comerciais pela ferrovia.
No Casarão havia vários elementos construtivos de extrema importância para a história da arquitetura colonial em Ouro Preto. O interior era composto por esquadrias, estuques, forjas de ferragem nas portas e janelas, forro em quadrantes, pisos em setas em jacarandá e pinho de riga, além de balaústres internos em madeira.
Morte do casarão
O Brasil acompanhou na manhã da quinta-feira (13/1) a morte de parte do patrimônio histórico do país. O deslizamento de terra da porção sul do Morro da Força soterrou em poucos minutos o casarão Solar Baeta Neves e mais dois outros imóveis.
Devido ao alerta da defesa Civil de Ouro Preto, antes do desabamento aproximadamente 500 metros para cada saída foram isolados e todas as pessoas foram evacuadas de suas residências, o que evitou um desastre ainda maior.