Comoção e revolta marcaram o enterro do adolescente Pedro Henrique Costa, de 15 anos, morto na última sexta-feira (19/8), em uma operação policial na Vila Embaúbas, bairro Nova Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte. O sepultamento aconteceu na manhã deste domingo (21/8), no Cemitério da Paz, Região Noroeste, e reuniu amigos e familiares do jovem.
Emocionada, a mãe do adolescente Andreia de Jesus Costa, de 47 anos, pediu justiça pelo filho. "Até o celular dele eles [policiais] levaram. Eles chegaram atirando, destruíram o meu filho", declarou. Os moradores da região e familiares de Pedro questionam a versão da PM de que o adolescente estaria armado. Para eles, o jovem foi executado à queima-roupa pela polícia.
Andreia descreve o filho como um garoto estudioso e amigo de todos. "Era um menino bom, estudioso, amigo, meu companheiro. Pode perguntar para qualquer um. Era amigo de todo mundo, conversava com todos", conta. Entre os que conheciam o adolescente, a opinião era unânime: um garoto carinhoso, inteligente e educado.
Versões diferentes
A mãe de Pedro nega o envolvimento do filho com o tráfico de drogas e ressalta que ele não tem nenhuma passagem pela polícia. "Ele não mexia com nada. Estava ali só conversando. Será que a gente não pode estar nos lugares e conversar com as pessoas? Eles estão destruindo famílias", afirma.
A família ainda questiona onde está a arma supostamente usada pelo adolescente. "Se ele estava armado, cadê essa arma que nunca foi apresentada?", indaga Lineia de Jesus, tia de Pedro. Segundo a PM, uma arma calibre 32 foi apreendida. A corporação informou ainda que cinco cartuchos intactos foram encontrados no bolso do rapaz.
Moradores da região afirmam que houve manipulação da cena do crime e que o menino morreu no local, e não no hospital como afirma a PM.
"Por que o local do crime foi mexido? Por que a perícia não foi até o local com o corpo lá? Era para ter deixado o corpo lá pelo menos para a perícia ver e tirar fotos. Tiraram todas as cápsulas do lugar. Por que isso aconteceu?", questionou Jéssica Estefane, prima de Pedro.
Versão da PM
O caso ocorreu por volta das 21h de sexta-feira (19/8). A polícia recebeu uma denúncia anônima informando sobre cinco homens suspeitos em um beco, local conhecido pelo tráfico de drogas. Dois deles, um vestindo uma jaqueta camuflada do Exército Brasileiro e outro uma camisa branca, estariam armados, segundo a PM.
Uma operação foi montada para cercar a área. Ainda conforme a polícia, os militares tentaram fazer com que os rapazes se entregassem, sem sucesso. Nesse instante, segundo relato dos agentes, o suspeito de camisa branca apontou a arma para eles, que, ameaçados, atiraram e balearam Pedro.
Na manhã deste domingo (21/08), a Polícia Militar divulgou um áudio que seria a denúncia anônima feita por um morador do Bairro Nova Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte, onde o jovem Pedro foi morto.
Na ligação, o solicitante denuncia que várias pessoas estão traficando droga e, entre elas, duas estão armadas. "Um está no beco, de jaqueta camuflada do exército, e o que está com revólver está de bermuda preta, camisa branca e boné preto. Moreno. Armado, não sei qual calibre que é, mas eu vi a arma na mão dele", diz o áudio divulgado pela PM.
O menor foi socorrido em uma viatura até o Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, onde morreu. Apesar de uma varredura na região, os outros quatro suspeitos não foram localizados.