Jornal Estado de Minas

GRANDE BH

Polícia investiga causa da morte de peixes em Pedro Leopoldo

A causa da morte de uma grande quantidade de peixes encontrados na Lagoa de Santo Antônio, localizada na APA Carste de Lagoa Santa, em Pedro Leopoldo, Grande BH, ainda é um mistério. Um inquérito da Polícia Civil foi aberto para investigar o que causou a mortandade do cardume e se há possibilidade de ser um crime ambiental.




 
 
 
A partir da próxima segunda-feira (29/8), especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que já estão realizando um estudo de diagnóstico na Lagoa de Santo Antônio, vão iniciar uma análise da qualidade da água e observar se o lançamento de esgoto doméstico e industrial podem ter sido o desencadeador.
 
A presidente da Associação Movimento Lagoa Viva, Marcia Lopes, disse que os peixes mortos começaram a aparecer na sexta-feira (19/8). Ela considera que a grande quantidade de lixo, pesca com tarrafa, ligação de esgotos clandestinos ligados à rede pluvial, além de uma rede de esgoto construída por debaixo da lagoa e uma grande quantidade de matéria orgânica são condições que possibilitaram a degradação da lagoa e a morte do cardume.
 
“A ONG tem feito denúncias buscando respostas e ações dos órgãos responsáveis pela Lagoa de Santo Antônio” afirma.
 
O professor do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências (IGC/UFMG) Frederico Lopes, conta que em um período anterior à mortandade dos peixes, a Lagoa de Santo Antônio estava cheia e eutrofizada - quando a coloração fica turva e há níveis baixíssimos de oxigênio na água. Ele também percebeu uma grande quantidade algas na superfície, planta conhecida por consumir muito oxigênio.




 
“Aliando a essa características, a temperatura ambiente nos últimos dias estava elevada e provavelmente essa lagoa estava estratificada com formação de camadas na água. A camada de água que fica no fundo da lagoa tem pouca concentração de oxigênio, se movimentou para a superfície e os peixes acabaram morrendo sufocados” supõe.
 
O professor ressalta que a resposta definitiva sobre o que causou as mortes só será dada após a coleta de amostras da água e um monitoramento que será feito a cada quatro meses.
 
“Alguns fatores podem estar associados à mortandade dos peixes que vão desde a queda brusca da quantidade de oxigênio na água até mesmo a entrada de algum contaminante inesperado no ambiente aquático. Sem monitorarmos regularmente a qualidade da água e sem fazer a análise toxicológica dela, fica difícil afirmar a causa exata da morte dos peixes”.
 
O professor considera que a atividade humana pode acelerar o processo de eutrofização e reconhece que existem lançamentos clandestinos de esgoto na Lagoa de Santo Antônio. “Não podemos afirmar que a causa seja a atividade humana com a emissão de esgoto e fertilizantes na Lagoa de Santo Antônio, isso ainda será investigado”.