Jornal Estado de Minas

PAINEIRAS

Corregedoria da PM vai ouvir casal vítima de abordagem violenta em Minas

O jovem Marcos Mendonça Gonçalves, de 23 anos, espancado após ser imobilizado durante abordagem policial no município de Paineiras, na Região Central de Minas, será ouvido pela corregedoria da Polícia Militar, em Abaeté, na próxima segunda-feira (29/8). Além dele, a namorada Maísa Tavares, de 18, que também foi agredida, prestará depoimento. 




 
Ao Estado de Minas, o advogado de defesa Marcos Aurélio de Souza Santos diz que espera por “sanções administrativas em desfavor do policial de forma severa”. "As imagens são claras e não deixam dúvidas em relação à gravidade das agressões, que, no nosso entendimento, foram uma tentativa de homicídio”, afirma. 


 
Na semana passada, o EM mostrou que a promotoria de Justiça de Abaeté abriu um procedimento, intitulado “Notícia de Fato”. O objetivo é analisar se há elementos suficientes que justifiquem a abertura de uma investigação – ou seja, um inquérito civil. Nesse sentido, as conclusões no laudo do Instituto Médico Legal e as imagens que flagraram o espancamento da PM estão entre os pontos que serão apreciados. 
 
Na segunda-feira (15/8), a reportagem mostrou que o policial que agrediu Marcos Mendonça Gonçalves foi transferido para outro destacamento. Conforme o tenente-coronel Flávio Santiago, chefe do Departamento de Comunicação da PM em Minas, ele foi realocado para outra região e “está prestando serviços administrativos até que as investigações sejam concluídas”.




 

Relembre o caso

 
Na noite de sexta-feira (12/8), no município de Paineiras, na Região Central do estado, Marcos Mendonça Gonçalves, de 23 anos, foi espancado após ser imobilizado durante uma ação policial. As agressões resultaram em hematomas por todo o corpo, além de sete pontos na parte de trás da cabeça. A namorada Maísa Tavares, de 18, levou um soco de um dos militares ao tentar interromper a agressão contra o companheiro.  


 
Nas imagens – gravadas por uma testemunha que optou por não se identificar por medo de represálias –, Marcos cai no chão. Enquanto um dos policiais agride violentamente o rosto do rapaz, que tenta se proteger com os braços, outro militar segura suas pernas. O jovem foi golpeado pelo menos 11 vezes e acabou desmaiando.
 
Conforme o boletim de ocorrência, a Polícia Militar teria recebido uma denúncia de que havia um homem soltando bombas em uma praça perto de crianças. Durante a abordagem, a PM alegou que foi desacatada com diversos xingamentos e, ao receber voz de prisão, Marcos teria resistido e "agrediu um dos militares com chutes e mordidas".
 
"Visando se defender das agressões, e resguardar a vida dos militares, foi necessário fazer o uso da força com golpes de defesa pessoal", justificou a PM. 

Questionado sobre a versão dos policiais, o jovem negou ter sido agressivo. "Não os desacatei. E mesmo que tivesse feito isso, nada justifica o que fizeram. É um absurdo!”, afirmou o jovem, na ocasião, em entrevista ao EM