A greve dos metroviários, que teve início na última quinta-feira (25/8), vem causando problemas em todo sistema do transporte público de Belo Horizonte. De acordo com dados da Superintendência de Mobilidade do município (Sumob), o número de reclamações por superlotação dos ônibus chegou a 22%, número superior à média mensal de 20%.
Os usuários do transporte público já sentem na pele os efeitos da greve. As linhas que registraram o maior número de reclamações por superlotação, em agosto, são a 806 (Estação São Gabriel/Vista do Sol via Nazaré), com 94 registros, a 62 (Estação Venda Nova/Savassi), com 80, e a 5250 (Estação Pampulha/Betânia), com 60 reclamações.
O presidente da Associação dos Usuários do Transporte Coletivo em Belo Horizonte e Região Metropolitana (AUTC), Francisco Maciel, argumenta que o metrô é estruturante e, quando fica paralisado, todo o sistema fica comprometido.
“O táxi fica mais caro, os aplicativos ficam mais caros, e você compromete o transporte coletivo de diversas formas. As pessoas, de forma preventiva, tiram os carros da garagem, e o aumento da circulação causa engarrafamentos, que comprometem o transporte de ônibus, com exceção do move que transita em faixas segregadas”, explica Maciel.
No início desta semana, a média de reclamações por superlotação chegou a 18%, superando a média da semana anterior, em que o número ficou na casa dos 14%. As reclamações por descumprimento do quadro de horários chegaram a 28%, porém o número foi maior na quinta-feira do dia 18, quando 36% das queixas foram registradas nessa categoria.
O que deveria ser feito?
Para Francisco Maciel, a solução da superlotação dos ônibus chega a ser simples. Ele ressalta que o metrô é fundamental, e os usuários não abrem mão dele, mas para contornar a superlotação é preciso que o contrato entre as empresas e a prefeitura seja cumprido.
“O intervalo mínimo entre as viagens está lá no contrato, de 20 minutos, e já mudaram para 30. Eles aumentam o número de viagens, mas aumentam o intervalo entre elas, é uma piada”, completa o presidente da AUTC.
Cabe lembrar que, em julho, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) efetuou o pagamento da primeira parcela do subsídio de R$ 237,5 milhões às empresas do transporte coletivo da capital. O valor pago foi R$ 90 milhões para as empresas de transporte convencional, e R$ 4,371 milhões para o transporte suplementar foram destinados para a ampliação dos serviços de ônibus.
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), informou que está monitorando os efeitos da paralisação dos metroviários no sistema e que, se houver necessidade, vai aumentar o número de viagens.
Escala mínima
Para tentar atender minimamente os usuários do metrô, uma liminar judicial, expedida na quinta-feira (25/8), pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), obriga o funcionamento dos trens com 60% da capacidade, ou seja, uma escala mínima.
A greve dos metroviários já chega ao quinto dia nesta segunda-feira (29/8), e quem precisa usar o transporte hoje terá que esperar até 25 minutos entre as viagens, fora do horário de pico. Das 6h às 8h30 e das 16h30 às 19h, considerados os horários de maior movimento, a espera é de nove minutos, conforme informações da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
* Estagiário sob supervisão do subeditor Thiago Prata