O desenvolvimento de um tecido inteligente capaz de controlar a temperatura do corpo rendeu à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) o Prêmio Patente do Ano, concedido pela Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI).
A ideia é que o material possa ser usado em materiais esportivos ou para confecção de uniformes utilizados por profissionais que trabalham em ambientes com altas temperaturas, como carteiros e garis.
O prêmio foi entregue em São Paulo, no encerramento do 42º Congresso Internacional da Propriedade Intelectual, na última terça-feira (23/8), para o diretor da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), Gilberto Medeiros, e a coordenadora executiva do órgão, Juliana Crepalde.
“A premiação recebida pela UFMG reconhece a pesquisa de impacto na área de materiais do professor Rodrigo Orefice e demonstra com clareza a importância da pesquisa nessa área com aplicações inovadoras”, pontuou Medeiros.
A Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) são cotitulares da patente. Para Marcelo Spezialli, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, esforços devem ser empreendidos “para que o conhecimento fomentado pela fundação se transforme em benefícios sociais”.
Sob a coordenação do professor Rodrigo Oréfice, a tecnologia foi desenvolvida dentro do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFMG. Os outros inventores são a professora da Uemg Eliane Ayres e as pesquisadoras Rosemary Bom Conselho Salles e Priscila Ariane Loschi.
Sobre a tecnologia
A docente Eliane Ayres explica que a tecnologia – que já é usada no mercado internacional – é resultado de um trabalho vencedor do Prêmio Jovem Cientista, concedido em 2012, pelo CNPq. Na época, buscavam-se soluções visando às Olímpiadas do Rio de Janeiro.
“No início, pensamos em um tecido para dar mais conforto aos atletas. Depois estendemos para outros usos, principalmente para profissionais que trabalham sob o sol, como frentistas e carteiros”, informou.
“Caso esteja muito frio, o produto libera calor; se está muito quente, absorve calor, possibilitando ao corpo manter a mesma temperatura. O problema é que essas cápsulas funcionam como medicamentos que têm paredes, o que acaba diminuindo a eficiência do material. Conseguimos dirimir essa deficiência com a nossa tecnologia”, complementou a pesquisadora em relação à dinâmica de funcionamento do tecido.
“Segundo os pesquisadores, a solução apresenta um tecido controlador térmico e o processo de obtenção desse tecido, revestido por um complexo polimérico, formado por duas substâncias principais: o polietileno glicol (PEG) e o poli(ácido itacônico) . O PEG, um tipo de PCM (do inglês, phase change material), é capaz de absorver, armazenar e liberar a energia de outro material, na forma de calor. Quando aplicado a um substrato têxtil (tecido), é capaz de regular continuamente o microclima entre a pele do usuário e o tecido”, concluiu a UFMG, em comunicado.