Minas Gerais, em 2022, já registou 1954 incêndios em casas e comércios, sendo que 1.583 ocorreram somente nas residências. Isso corresponde a nove incêndios por dia, durante os últimos sete meses. Conforme dados do Corpos de Bombeiros (CBMG), em 2021, entre janeiro e julho, a quantidade foi de 1780 incêndios no estado e 3.163 no período anual.
Em 2020, ocorreram 610 incêndios em comércios, enquanto, no ano passado, esse número foi de 590. Já em casas e apartamentos a quantidade foi de 2.462 e 2.249, em 2020 e 2021, respectivamente.
Entre os principais motivos da causa de incêndio nos imóveis comerciais, estão as irregularidades com as normas de segurança. “Durante a pandemia, notamos uma queda na identificação comercial. Então, o uso constante daquele local torna muito maior a probabilidade de deflagrar um incêndio. Isso soma ao descuido, como uma norma de prevenção que não está atualizada, um imóvel irregular, curto-circuito, regras de segurança insuficientes”, afirmou a Capitã Thaise Rocha, do CBMG.
O fator descuido também é responsável por grande parte dos incêndios nas casas mineiras, conforme a militar. “Por exemplo, às vezes a pessoa esquece uma panela no fogo, usa vela próximo a materiais inflamáveis, ocorre um curto-circuito no imóvel pelo uso excessivo de aparelhos elétricos numa mesma tomada. Além disso, por desatenção dos pais, a criança pegar o isqueiro ou outro objeto que gere fogo para brincar e este ser transportado para outros locais. Vários fatores podem contribuir pra início do incêndio”, explicou.
Locais de alto risco
Dentre os locais que apresentam maiores riscos de incêndios de grandes proporções, estão os imóveis com maior volume de carga inflamável. “Essas edificações são muito suscetíveis a incêndios, pois são lugares com materiais combustíveis e que têm muitos objetos para serem queimados. Além disso, estão os locais com grande público. Porém, as causas são variadas, dependendo do que esse imóvel abriga, se é uma borracharia, indústria têxtil ou química”, disse.
Na última quinta-feira (25/8), carros que passavam pelos dois sentidos da Via Expressa, na altura do Bairro Jardim Marracos, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, se assustaram com as chamas provocadas por um incêndio em uma borracharia, onde é um grande depósito de pneus.
Cerca de 50 famílias que moravam no entorno tiveram que deixar suas casas e se encaminhar ao Abrigo Bela Vista. Segundo o CBMG, a suspeita é de que compressor da borracharia sofreu um alto aquecimento, o que transferiu para os demais materiais do lugar, como os pneus.
Na noite do dia 28 do mês passado, também em Contagem, bombeiros foram surpreendidos com incêndio em um galpão que armazenava pallets de madeira. Por causa da quantidade de material combustível, as chamas se alastraram e chegaram a 8 metros, segundo o CBMG. O fogo teria sido provocado por um curto-circuito no local.
Prevenção
Em relação à prevenção de incêndios em casas e apartamentos, a capitã do CBMG informou que é preciso ter atenção nos momentos que estiver manuseando o fogo, evitar colocar cortinas perto do fogão e fiação elétrica e, ao sair, verificar se não há algum aparelho elétrico ligado, como ventilador.
“Além disso, é importante evitar conectar vários objetos em uma mesma tomada, por causa do risco de curto-circuito, observar bastante as crianças para ver o que elas estão utilizando, se estão mexendo com isqueiro ou alguma vela. No caso de panela no fogão e cozimento de alimentos, sempre recomendamos que, se a pessoa for mais desatenta, coloque um alerta para lembrar”, completou.
Já nas edificações comerciais, conforme Rocha, a principal medida de prevenção é regularizar as medidas de segurança, junto ao Corpo de Bombeiros. “Se o prédio não estiver regularizado, recomendamos que o dono procure o CBMG. Também é necessário verificar o critério de risco do local, se apresenta alguma carga incêndio, qual é o tamanho e altura do espaço, o público, justamente para que as medidas de proteção estejam instaladas, pois, caso surja o incêndio, este poderá ser sanado rapidamente”, explicou.
Para ela, o maior problema são os proprietários não procurarem o órgão regulador para resolver as pendências. “Às vezes, os prédios são antigos e as pessoas têm medo de buscar o Corpo de Bombeiros. Na maioria das vezes, são medidas simples, fáceis e possíveis de aplicar, além de estar preservado o bem material dela e a sua própria vida”, ressaltou.