Ativistas, mães, pais, tias e tios, avôs e avós, madrinhas e padrinhos fazem, nesta terça-feira (30/8), na praça da Igreja da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o cortejo “Bebês do Sofia”. A ação é uma forma de protestar contra as punições feitas pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) a três médicos do Hospital Sofia Feldman (HSF).
Segundo a denúncia do Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento, os profissionais foram repreendidos por apoiarem a realização da consulta de enfermagem obstétrica, com a utilização da ultrassonografia. A prática é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecida pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
Com isso, o movimento “Mexeu com o Sofia, mexeu com todas” preparou o ato para defender a maternidade “contra o ataque aos direitos das mulheres, pessoas gestantes e bebês, na tentativa de calar uma instituição de referência nacional e internacional”.
Apoio ao hospital
Maria Cristina Gouveia, além de representante das famílias dos “Bebês do Sofia”, conta que o seu neto nasceu na instituição. “Tenho a grata experiência de ser avó de uma criança que nasceu no HSF. Estou aqui em defesa do parto humanizado e dos profissionais do hospital, que tiveram um excelente trabalho. Por isso, quero manifestar meu apoio contra a perseguição do CRM”, afirmou.
Uma médica, que não quis se identificar, também prestou apoio aos profissionais durante o ato. “É pelo direito da assistência das pessoas gestantes, para ter um parto digno e o acesso aos exames e cobertura de cuidados obstétricos”, explicou.
Para ela, a atitude do CRM está relacionada à reserva de mercado por parte do CRM. “Vemos que a condenação desses médicos limita o acesso às consultas de enfermagem obstétrica. A maioria das pessoas atendidas pelo hospital não têm a condição financeira para fazer alguns exames feitos pelo HSF. Inclusive, essa perseguição contra a instituição é muito comum”, disse.
Entenda o Caso
Por conta da punição, o diretor-técnico teve o registro profissional suspenso por 30 dias e dois ginecologistas-obstetras receberam censura pública pelo CRM-MG. Além do ação de hoje, ativistas fizeram um abaixo-assinado on-line contra a “perseguição” ao movimento.
Em nota, o CRM informou que os processos correm sob sigilo e que, por isso, não vão expor os motivos dos médicos estarem sendo punidos.
Segundo a enfermeira obstétrica Joyce Maiara, a atuação desses profissionais com a consulta ultrassonográfica em pessoas gestantes pode auxiliar na identificação de patologias, além de garantir o acesso e a tomada de conduta em tempo oportuno. A categoria defende que o uso da ultrassonografia por enfermeiros é respaldado pela legislação e não configura como exercício ilegal.
(Com informações de Maria Paula Monteiro)