Um desafio para lá de inusitado promete aliar a busca pela resistência física e pela solidariedade com os mais vulneráveis. Inspirado em corridas nos Estados Unidos, um grupo de cinco atletas amadores optaram por participar de uma prova longa, desgastante e inédita no Brasil. A partir das 20h desta sexta-feira (2/9) no Santa Efigênia, eles darão o pontapé inicial ao evento Hefesto Challenges, com promessa de durar 48 horas, percorrer 77 quilômetros e arrecadar uma tonelada de alimentos.
A corrida contará com etapas de quatro milhas (6,4 quilômetros), num total de 13 voltas e largada na Praça Floriano Peixoto. Ao fim de cada percurso, os atletas terão quatro horas para recuperarem a energia e se reidratarem. A previsão de término das baterias será no domingo (3/9).
O nome do evento foi inspirado na mitologia grega, já que Hefesto é considerado o Deus dos ferreiros. “Da mesma maneira que o ferro consegue ser forjado no fogo, pensamos fazer isso no esporte também. Só por meio do esforço físico você consegue mudar e se transformar o mundo de algumas pessoas”, afirma o estudante de medicina da UFMG Allan Andrade Gontijo, de 21 anos, um dos participantes e organizadores do desafio.
Paralelamente à prova gigante, haverá outra corrida, de cinco quilômetros, aberta à comunidade. O valor da inscrição é justamente um quilo de alimento, que será doado a entidades ou ONGs de Belo Horizonte.
“É um desafio muito novo. Ele já existe em outros países, como nos Estados Unidos, onde já é muito tradicional. Quando contamos para amigos e pessoas próximas, eles dizem que somos doidos. Nosso intuito em 2022 foi promover o evento em Belo Horizonte. Depois, queremos fazer esse desafio todos os anos para ajudar mais pessoas”, afirma Allan.
O trajeto da corrida não conta com morros e teoricamente é tranquilo para que os atletas possam cumprir a missão. "Tentamos fazer o evento na avenida Brasil, mas não deu certo, pois a prefeitura teria de fechar outras ruas no entorno. Por isso, optamos que ele seja na Praça Floriano Peixoto”, afirma o organizador.
Na prova, eles terão suporte de alimentação, nutricionista e preparação física. À noite, as baterias deixarão de ocorrer ao ar livre e acontecerão numa academia da região, que dará todo o suporte aos corredores.
Inicialmente, a corrida teria a participação de apenas duas pessoas, mas ganhou novos adeptos das provas longas. Para o ano que vem, o número de participantes poderá se expedir, desde que eles tenham capacidade de suportar provas com maior teor de desgaste.
"Um amigo e eu queríamos cumprir esse desafio sozinhos. Mas pensamos em conversar com outro amigo para incluí-lo também. Ele nos deu a ideia para transformar isso num evento. Essa prova é um teste de resistência forte. Ficar 48 horas correndo se torna algo muito pesado. Em ações como essa, os atletas fazem coisas loucas. Essa é nossa intenção”, afirma Allan.
Gosto pela corrida
Outra estudante de medicina, Ianny Ávila, de 24, também vai aderir à prova. O gosto dela pelas corridas teve início em 2015, mas a preparação mais intensa começou a partir de 2019, antes da pandemia da COVID-19. Agora, a atleta amadora se vê animada para o novo desafio.
"Eu treinava corrida focando em prova de cinco quilômetros, que são mais rápidas e intensas. Pensava em evoluir para meia-maratona, que são 21 quilômetros, mas veio o pessoal com essa loucura de 77 quilômetros. É algo bem novo e diferente do objetivo que tinha antes do desafio. O evento traz a promoção da atividade em si, mas foca muito na solidariedade. Vai trazer uma energia muito boa, pois são dois focos importantes e que vão unir as pessoas. Estou muito satisfeita", afirma ela, uma das mulheres que participará do evento.
Em virtude dos compromissos de estudo e trabalho, a equipe teve pouco tempo para se preparar para a corrida. No entanto, todos tentam se mostrar afiados para atuarem na prova da melhor forma.
“As rotinas de cada um são diferentes. Treinamos algumas vezes juntos, mas a maior parte deles acaba sendo de forma individual. Eu me considero uma pessoa muito teimosa, mas estou animada para o desafio”, afirma Ianny.