Jornal Estado de Minas

PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA MINEIRA

Em degradação, esculturas de escritores mineiros serão restauradas em BH

As estátuas localizadas em Belo Horizonte de grandes representantes da literatura de Minas Gerais irão passar por um processo de restauração, informou a prefeitura da capital mineira nesta sexta-feira (9/9). As peças que rendem homenagens para Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Henriqueta Lisboa e Roberto Drummond deverão ser revitalizadas em cerca de 120 dias. O Executivo municipal, no entanto, não divulgou uma data para início dos trabalhos. 




 
Porém, a secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, destaca que os trâmites internos para que seja feita a recuperação das esculturas já estão em andamento. “Avançamos internamente nos procedimentos burocráticos e definimos que todas as despesas serão pagas por meio de medida compensatória do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte. Essa decisão vai garantir a completa e merecida restauração das obras que reúnem parte da memória da nossa cultura literária”, comenta. 
 
No mês passado, o Estado de Minas mostrou que a estátua do escritor Roberto Drummond (1933-2002), na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, amanheceu pichada no domingo de Dia dos Pais, em 14 de agosto, marcando uma sucessão de atos de vandalismo apenas nesta obra, feita em bronze e em tamanho real pelo artista Leo Santana. 
 
Considerado o mais influente poeta do século XX e integrante da segunda geração modernista, a estátua do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1982) – localizada entre a Rua Goiás e a Rua da Bahia, no Centro de BH – está há mais de três anos sem a mão direita. Porém, este caso, especificamente, não se trata de vandalismo. À época, um guarda municipal, ao perceber que a mão estava pendurada, guardou o pedaço da escultura no prédio da prefeitura.




 
Essa peça é acompanhada de outra estátua – a do escritor e médico Pedro Nava (1904-1984), com quem Drummond mantinha uma relação de amizade. O artista Leo Santana também assina a criação dessas obras. 
 
Em junho deste ano, a estátua da escritora mineira Henriqueta Lisboa (1901-1981) na Savassi, do mesmo artista, teve as duas mãos arrancadas e os olhos tingidos de vermelho. Na ocasião, a prefeitura já havia informado que os trâmites internos para a restauração estavam em andamento. 
 
A presidente da Fundação Municipal de Cultura, Luciana Féres, salientou sobre a importância de ter consciência que a responsabilidade pela preservação é coletiva e celebrou o avanço nas diligências do processo de restauro. 




 
“A depredação das obras nos causou muita tristeza, mas agora estamos otimistas com a proposta da completa recuperação deste acervo tão importante. As esculturas são obras de arte que estão expostas em espaço público, que é coletivo. Este patrimônio cultural deve ser cuidado por todos, pois ele é formado por elementos que constituem a nossa memória e identidade”, pontuou. 
 
Conforme o Executivo municipal, “após o fim das restaurações será realizada uma campanha educativa sobre a importância dos monumentos e a responsabilidade de cada cidadão com os bens culturais”.