A história de Minas se ergue com a vasta documentação dos arquivos, ganha força no acervo de museus e espaços públicos e tem pilares nas edificações espalhadas por todos os municípios. No mês das comemorações em honra da pátria, é tempo de valorizar ainda mais esses tesouros, e um bom exemplo dessa urgência está na exposição “Elos do patrimônio – Interlocuções entre o Ministério Público e a comunidade para a preservação do patrimônio cultural”.
Iniciativa do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), via Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC), a mostra ficará em cartaz por seis meses e será aberta em Belo Horizonte hoje, às 17h, no Memorial da entidade, na Região Centro-Sul.
Junto ao acervo permanente do memorial, encontram-se exemplos da atuação do órgão na preservação do patrimônio cultural, com destaque para a importância da comunidade na proteção dos bens. “A partir da vivacidade dos relatos e das peças expostas, queremos fazer um convite para que a comunidade permaneça atuando em conjunto com o MPMG nesse importante trabalho”, afirma o coordenador da CPPC, o promotor de Justiça Marcelo Maffra.
Na manhã da última sexta-feira, a equipe do Estado de Minas conferiu a montagem da exposição, que se divide em dois eixos: bens culturais móveis e bens culturais imóveis, trazendo casos de peças sacras recuperadas e de bens edificados restaurados. Em totens e tablets, os visitantes poderão acessar o Sistema de Objetos Mineiros Desaparecidos, Recuperados e Restituídos (Somdar), plataforma que permite a qualquer pessoa buscar informações e fazer denúncias sobre bens culturais móveis desaparecidos. Também estará disponível o Mapa de Bens Culturais Georreferenciados, com todos os bens culturais mineiros possuidores de algum tipo de proteção.
Joias de Minas
Impossível ficar indiferente diante das imagens do rico acervo mineiro que, ao longo do tempo, se tornou vítima da sanha até de quadrilhas internacionais – há estimativa de que Minas perdeu, ao longo do tempo, 60% do seu patrimônio. De madeira, terracota, na cor natural ou policromados, os objetos de fé causam admiração, encantamento e sempre uma emoção aos olhos de brasileiros e estrangeiros.Entre as peças sacras recuperadas expostas, de acordo com o MPMG, estão as imagens de São Sebastião e de São Francisco de Paula, localizadas quando estavam à venda em um ateliê. Caso semelhante é o da imagem de Nossa Senhora da Piedade resgatada em uma feira de antiguidades. Já a Nossa Senhora do Rosário foi devolvida espontaneamente, quando uma pessoa, que estava com ela em seu poder, tomou conhecimento do trabalho do Ministério Público. No momento da visita da reportagem, estavam a postos, ultimando os detalhes da exposição, a coordenadora de projetos culturais, Marina de Melo Rodrigues, e a equipe de museólogas da Fato Museal, contratadas pelo MPMG.
A mostra inclui os resultados de trabalhos em bens edificados nos quais a participação social se mostrou fundamental para a transformação. Marcelo Maffra traz como referência a restauração da Igreja Nossa Senhora da Conceição, no distrito de Acuruí, em Itabirito, na Região Central de Minas, onde houve “grande envolvimento da comunidade local durante todo o processo”. O mesmo ocorreu com o Conjunto da Estação Ferroviária de Miguel Burnier, no distrito de mesmo nome, em Ouro Preto, também na Região Central, que, após o restauro, abriga uma biblioteca e se tornou palco do Festival Cultural de Miguel Burnier.
Atuação
Com destaque na defesa e proteção do patrimônio cultural mineiro, O MPMG foi pioneiro, em 2003, na criação de uma coordenadoria especializada no setor. A fim de se garantir maior efetividade na atuação, a CPPC conta com equipe multidisciplinar formada por profissionais da área técnica (arquitetos e historiadores), além do corpo jurídico. Tal estrutura, de acordo com a instituição, permite ação conjunta de grande amplitude em relação ao patrimônio edificado, com resultados na recuperação de edificações históricas, e quanto a demandas da área de arqueologia, paleontologia e resgate de inúmeras peças sacras desaparecidas.“A recuperação de peças sacras desaparecidas é trabalho de relevo. São inúmeros os casos de apoio prestado e buscas e apreensões de sucesso nas quais bens furtados de igrejas, capelas e museus espalhados pelo estado foram recuperados e devolvidos aos seus locais de origem, de onde jamais deveriam ter saído. No caso de bens edificados (igrejas diversas, casarios, imóveis históricos), que se encontravam em avançado estado de deterioração e com risco de se perderem, foram recuperados e restaurados por meio da atuação da CPPC”, diz Marcelo Maffra.
SERVIÇO
Exposição “Elos do patrimônio – Interlocuções entre o Ministério Público e a comunidade para a preservação do patrimônio cultural”. Abertura hoje, às 17h.
Local: Memorial do MPMG (Rua Dias Adorno, 367, pilotis, Bairro Santo Agostinho), em Belo Horizonte.
Período: De 12 de setembro de 2022 a 12 de março de 2023
Horário: De segunda a sexta, das 13h às 17h
Informações e agendamento de visitas guiadas: memorial@mpmg.mp.br / (31) 3330-8301