A temporada dos ipês chega ao fim com a espetacular floração da espécie de tonalidade rosa, “aberta à visitação” em ruas, praças e outros espaços públicos de Belo Horizonte. Cor e sombra que, em dias de recordes sucessivos de calor, proporcionam alívio para quem sofre com os dias quentes e secos.
Leia Mais
Ipês rosa abrem a temporada de floração da árvore símbolo de BHIpês-amarelos iluminam a paisagem em MinasIpês dão o tom rosa à paisagem de inverno e viram atração em Belo HorizonteDefesa Civil de BH emite alerta para pancadas de chuva até amanhã (22/10)Verde em vez de lixo: plantio em área degradada saúda chegada da primaveraRitual da primavera: astróloga ensina a atrair equilíbrio na nova estaçãoCom o setembro escaldante, cada um se ajeita como pode e desfruta das sombras e das cores da vegetação urbana ao seu modo. Perto da Feira dos Produtores, no Bairro Cidade Nova, na Região Nordeste de BH, dois ipês frondosos e bem floridos proporcionavam alívio merecido a quem precisava. “Com esse calorão, só mesmo ficando aqui na hora do almoço, tomando uma água mineral geladinha. E ainda tem essa belezura de árvores para descansar os olhos”, comentou uma mulher com um colega de trabalho.
ROTEIRO
Nativo da região amazônica e da América Central, o ipê-rosa, que perde menos folhas do que o roxo, o amarelo e os demais, foi introduzido na capital há cerca de três décadas “e se adaptou muito bem”, destaca o professor João Renato Stehmann, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“O ipê-rosa floresce no final do inverno e anuncia a primavera (que começa no dia 22, às 22h02). É realmente o último, sucedendo ao amarelo”, explica Stehmann. Depois dele, o cenário mineiro será tingido pela copa amarela das sibipirunas, pelas flores azuis do jacarandá e do rosa do resedá-gigante.
“Poderíamos ter um roteiro turístico na temporada de floração, a exemplo do que ocorre no Japão com as cerejeiras”, sugere Stehmann. Grande admirador dos ipês, ele lamenta o constante aparecimento, na época seca, do maior inimigo da natureza, os incêndios florestais, como o ocorrido no fim semana na Serra do Curral, símbolo de BH.
CUIDADO E BELEZA
Fã incondicional da arborização de BH, Flávio Machado Vilela, proprietário de um restaurante no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul da capital, diz que a cidade fica linda na época dos ipês floridos. E costuma fotografá-los, tendo como alvo preferencial um frondoso da Avenida Getúlio Vargas na esquina com a Avenida do Contorno.
Morador do Bairro São Lucas, Flávio lembra que há espécimes em várias partes de BH. “Na Avenida Prudente de Morais, há vários”, exemplifica o comerciante, que cuida de árvores perto do seu restaurante e ainda espera a primeira floração de uma planta mais jovem para saber a cor. “Acho que é um ipê-branco, vamos aguardar.”
TONS DA NATUREZA
A temporada dos ipês na Grande BH começa em junho, com o “show” do ipê-roxo ou bola, que a população chama também de rosa. “Essa é a espécie nativa do cerrado, que perde as folhas mais rapidamente. Com o tempo, os dois foram sendo chamados de rosa, embora o que floresce agora tenha um tom mais claro”, afirma o professor João Renato Stehmann.
Em Minas, mais de 20 espécies de ipês florescem, gradativamente, de junho a setembro. Segundo dados da Associação Mineira de Defesa do Ambiente e da Prefeitura de Belo Horizonte, a capital conta com mais de 27 mil ipês, o que corresponde a 9% do total de árvores da cidade.
O ipê-rosa é o mais abundante, com cerca de 9,6 mil espécimes. Em seguida, vem o ipê-tabaco, com 6 mil plantas, e o amarelo (2,8 mil). Natural do cerrado, da floresta amazônica e da mata atlântica, a árvore tem floração de acordo com cada espécie, ficando totalmente desprovida de folhas quando suas flores caem.
* Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia