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Estado de Minas BELEZA

Florada dos ipês: anúncio da primavera traz refresco em uma BH escaldante

Espetáculo dos ipês-rosas proporciona sombra e alívio visual em meio ao sufoco das temperaturas que batem recordes na capital


15/09/2022 04:00 - atualizado 15/09/2022 08:58

Flávio Machado Vilela
Fã da arborização urbana, Flávio Machado Vilela não perde a oportunidade de admirar e fotografar o espetáculo de cores dos ipês (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
A temporada dos ipês chega ao fim com a espetacular floração da espécie de tonalidade rosa, “aberta à visitação” em ruas, praças e outros espaços públicos de Belo Horizonte. Cor e sombra que, em dias de recordes sucessivos de calor, proporcionam alívio para quem sofre com os dias quentes e secos.

Um refresco muito bem-vindo para uma capital em que a temperatura não para de subir, batendo ontem mais um recorde: de acordo com a Defesa Civil, os termômetros registraram máxima de 36,1 graus na estação meteorológica da Pampulha. Mais ainda do que no último domingo, quando o calor chegou a 34,4 graus, até então a maior máxima do ano.

Com o setembro escaldante, cada um se ajeita como pode e desfruta das sombras e das cores da vegetação urbana ao seu modo. Perto da Feira dos Produtores, no Bairro Cidade Nova, na Região Nordeste de BH, dois ipês frondosos e bem floridos proporcionavam alívio merecido a quem precisava. “Com esse calorão, só mesmo ficando aqui na hora do almoço, tomando uma água mineral geladinha. E ainda tem essa belezura de árvores para descansar os olhos”, comentou uma mulher com um colega de trabalho.
 
ROTEIRO
 
Nativo da região amazônica e da América Central, o ipê-rosa, que perde menos folhas do que o roxo, o amarelo e os demais, foi introduzido na capital há cerca de três décadas “e se adaptou muito bem”, destaca o professor João Renato Stehmann, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Sombra florida: espécie nativa da região amazônica se adaptou bem a Belo Horizonte, onde é a mais abundante, com quase 10 mil árvores
(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

“O ipê-rosa floresce no final do inverno e anuncia a primavera (que começa no dia 22, às 22h02). É realmente o último, sucedendo ao amarelo”, explica Stehmann. Depois dele, o cenário mineiro será tingido pela copa amarela das sibipirunas, pelas flores azuis do jacarandá e do rosa do resedá-gigante.

“Poderíamos ter um roteiro turístico na temporada de floração, a exemplo do que ocorre no Japão com as cerejeiras”, sugere Stehmann. Grande admirador dos ipês, ele lamenta o constante aparecimento, na época seca, do maior inimigo da natureza, os incêndios florestais, como o ocorrido no fim semana na Serra do Curral, símbolo de BH.

CUIDADO E BELEZA
 
Fã incondicional da arborização de BH, Flávio Machado Vilela, proprietário de um restaurante no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul da capital, diz que a cidade fica linda na época dos ipês floridos. E costuma fotografá-los, tendo como alvo preferencial um frondoso da Avenida Getúlio Vargas na esquina com a Avenida do Contorno.
Morador do Bairro São Lucas, Flávio lembra que há espécimes em várias partes de BH. “Na Avenida Prudente de Morais, há vários”, exemplifica o comerciante, que cuida de árvores perto do seu restaurante e ainda espera a primeira floração de uma planta mais jovem para saber a cor. “Acho que é um ipê-branco, vamos aguardar.”

TONS DA NATUREZA
 
A temporada dos ipês na Grande BH começa em junho, com o “show” do ipê-roxo ou bola, que a população chama também de rosa. “Essa é a espécie nativa do cerrado, que perde as folhas mais rapidamente. Com o tempo, os dois foram sendo chamados de rosa, embora o que floresce agora tenha um tom mais claro”, afirma o professor João Renato Stehmann.

Em Minas, mais de 20 espécies de ipês florescem, gradativamente, de junho a setembro. Segundo dados da Associação Mineira de Defesa do Ambiente e da Prefeitura de Belo Horizonte, a capital conta com mais de 27 mil ipês, o que corresponde a 9% do total de árvores da cidade.

O ipê-rosa é o mais abundante, com cerca de 9,6 mil espécimes. Em seguida, vem o ipê-tabaco, com 6 mil plantas, e o amarelo (2,8 mil). Natural do cerrado, da floresta amazônica e da mata atlântica, a árvore tem floração de acordo com cada espécie, ficando totalmente desprovida de folhas quando suas flores caem.

* Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia 


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