Depois de um "sumiço" das bancas de revista no fim de agosto, as figurinhas com fotos de jogadores de 32 seleções de futebol que participarão da Copa do Mundo no Catar, que começa em 20 de novembro, estão de volta. A mobilização de pais e crianças é intensa, como pôde ser observada na manhã deste domingo (18/9), na Barragem Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Centenas de crianças, jovens e seus pais formavam grupos de troca de figurinhas repetidas e compra e venda. Com a decisão da Fifa em permitir que cada seleção convoque 26 atletas, com 15 reservas em cada jogo, o número de fotos dos ídolos futebolísticos aumentou, assim como os custos. O álbum da Copa do Catar está sendo comercializado em todo o país desde 19 de agosto.
Cada pacote, com cinco figurinhas, custa R$ 4 – o dobro do valor da Copa de 2018. O álbum sai a R$ 12 ou R$ 44,90, na versão de capa dura.
Um álbum completo da Copa do Catar terá 670 cromos, sendo 50 figurinhas especiais e 80 raras. O valor mínimo para completar o álbum é de R$ 536 – caso o colecionador não receba nenhuma figurinha repetida, em 134 pacotes.
Custos
Silvio de Souza, de 60 anos, que trabalha na área de turismo, investe nesse mercado há pelo menos oito Copas do Mundo. De todas que já estiveram em seu empreendimento temporário, a do Catar é a mais movimentada. "Esta Copa é excepcional, está mais concorrida e dando muito movimento. Compro de cara umas quatro caixas com 20 mil figurinhas. Invisto R$ 16 mil, dá para recuperar esse dinheiro, e sobra mais um pouco, mas coleciono e troco álbuns. Moro em Santa Luzia e só venho aqui e no Colégio Loyola, na região do bairro Gutierrez. Os preços variam de R$ 0,80 a R$ 1. As mais caras são brilhantes, que custam R$ 5. Essa história de figurinha custando R$ 2 mil é conversa fiada. Nunca vi ou soube de alguém que pagou esse preço," contesta.
A moda temporária de colecionador, a cada quatro anos, pode pesar no bolso. Henrique Rocha, 42 anos, administrador, foi à praça da Barragem pela segunda vez, com as duas filhas Beatriz, de 9 anos, e Cecília, de 8.
"Aqui é o point. Até agora já gastei uns R$ 700 em álbum e figurinha. Um só para as duas, senão dobra o valor. Já comprei em capa dura para durar. Geralmente, a gente consegue trocar todas as repetidas, são mais de 700 figurinhas, temos mais de 600, faltam 90. As raras são mais difíceis, Neymar, Cristiano Ronaldo, tem ouro, prata e bronze. Ouro é mais difícil. Chegamos e compramos as figurinhas, e quando há repetidas, vamos fazendo a troca com as outras crianças e pais. O custo não é barato", diz.
Bernardo Dantes Bicalho, 9 anos, estudante do 4º ano do ensino fundamental, faz coleção pela primeira vez. "O álbum está quase completo", comemora.
Marcelo Ribeiro Bicalho, pai de Bernardo, 42 anos, da área comercial confirma ser a primeira vez que colecionam figurinhas: “Estou achando uma arte cara. Já completamos 60% do álbum. As mais difíceis são as douradas. Espero guardar para a posteridade”.
Frequentadora assídua
A publicitária Natália de Sousa Lima Buss, 37 anos, que mora na região conta que frequenta o ponto de trocas e vendas sempre. Ela disse que as figurinhas em bancas desapareceram e que somente nesta semana conseguiu comprar.
"Faltam 10% para completar o álbum. Estava difícil, e só conseguimos comprar nesta semana. E trouxe o Miguel, meu filho de seis anos, para trocar. Trouxemos 100 repetidas e precisamos de 60, acho que hoje a gente completa. A primeira vez foi em 2018, quando ele tinha dois anos, foi no aniversário dele, e fizemos na copa. Agora com seis anos, ele está curtindo mais, interagindo e trocando com amiguinhos da escola. Fiz um esquema por seleção. Na verdade, no álbum investi R$ 530, mas com colaboração de outros parentes. Meu marido e eu investimos mesmo ns R$300 em média”, comenta.
Com as figuras de algumas seleções já completas, a enfermeira Rafaela Porto, 42 anos, moradora no Nova Granada, passou a manhã de domingo com o filho Lucas que comprou o álbum pela primeira vez. "Só não queremos fazer compra de figurinhas, estamos deixando-o tirar na sorte ou fazer troca. Hoje é muito fácil comprar. Já completamos algumas seleções, e agora a expectativa é juntar as figurinhas de atletas. Ele está muito empolgado e trouxe 60 para trocas”.
Os tempos de isolamento devido à pandemia, tornaram as atividades coletivas e públicas mais atraentes e participativas. Com isso, a busca por álbuns e figurinhas nesta Copa do Mundo tenha sido mais intensa que as demais. Essa é a explicação do pipoqueiro João Evangelista, de 62 anos, e sua esposa Sandra Regina, de 52, que vão para a praça aos sábados e domingos.
"Chegamos na praça depois da pandemia. Trabalho em outros locais também. Sou pipoqueiro há 20 anos. Neste ano está mais aquecido que nas copas anteriores. O movimento é muito bom e vendo quase todo o estoque de pipoca," relata Evangelista.
A Fifa introduzirá em 2026 um novo formato de disputa para a Copas do Mundo masculina. Serão 48 seleções, aumento de 50% em relação às 32 seleções que se classificavam até o mundial 2022, que será disputado em novembro no Qatar. De 1982 a 1994, eram 24 times.