Jornal Estado de Minas

PISO SALARIAL

Mais da metade dos enfermeiros da rede pública de BH adere à greve

Mais da metade dos profissionais de enfermagem que atuam na rede pública em Belo Horizonte aderiram à greve desta quarta-feira (21/9) – 53,7% dos auxiliares, técnicos e enfermeiros do SUS, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.



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A greve aconteceu em todo o país e foi convocada pelo Fórum Nacional da Enfermagem (FNE), com apoio de sindicatos e do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). A categoria realizou a paralisação em defesa do piso salarial, lei que foi suspensa pelo STF no início deste mês.


Em Belo Horizonte, profissionais se reuniram em ato convocado por sindicatos da rede pública e privada no centro da cidade, na Praça da Estação e na Praça Sete. Representantes comemoram a alta adesão à greve, inclusive no interior do estado.


"O balanço foi muito positivo. Estimamos que 30 mil trabalhadores da rede privada participaram da paralisação em Belo Horizonte e na região metropolitana", diz o vice-presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindeess, do setor privado), Joaquim Valdomiro Gomes.





A diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG), Neuza Freitas, afirma que o ato "teve uma adesão fenomenal, tanto no serviço público quanto no privado". "Foi fantástico, e Minas foi um dos estados que mais colocou gente na rua", disse.

O FNE vai se reunir nos próximos dias para deliberar sobre o futuro da greve.


Suspensão do piso salarial


Aprovado em julho pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em agosto, o piso salarial define a remuneração mínima para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Os valores são: R$ 4.750 para enfermeiros; R$ 3.562 (75%) para técnicos em enfermagem e R$ 2375 (50%) para auxiliares e parteiras.


A Lei nº 14.314/2022 foi suspensa em 4 de setembro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que acatou um pedido da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e outras sete entidades, entre elas a Federação Brasileira de Hospitais (FBH).





As entidades de trabalhadores da categoria pressionam o Congresso Nacional para definir a fonte de custeio do aumento da remuneração. A enfermagem também protesta contra o veto do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tirou do projeto de lei o reajuste anual do piso pela inflação.


Atendimento aos pacientes


A legislação que regulamenta as greves no país determina escala mínima de atendimento nos hospitais, principalmente para os setores essenciais, como pronto-socorro, centro de tratamento intensivo (CTI) e hemodiálise.

De acordo com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, essa escala foi cumprida.





 

Sindicalistas afirmam que, mesmo com um grande número de profissionais participando da paralisação, a lei de greve é respeitada, e há um cuidado para não prejudicar os pacientes. "É nossa responsabilidade lutar pelo piso e por mais qualidade de vida, inclusive para prestar um serviço melhor para as pessoas. Mas também precisamos de apoio, e pedimos a compreensão da sociedade", diz o vice-presidente do Sindeess.


Segundo ele, 50% dos profissionais da rede privada do setor crítico continuaram em atendimento, e 30% nas unidades do "setor aberto", não crítico, como pós-cirúrgico e internação. A diretora do SindSaúde-MG também disse que alguns setores negociaram a manutenção de 50% de trabalhadores, como CTI e emergência.

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata