Após 36h do desabamento de um prédio no bairro Planalto, na Região Norte de Belo Horizonte, duas casas seguem interditadas. Segundo a Defesa Civil, os trabalhos de vistoria foram concluídos na região e não há outros imóveis ameaçados.
A vistoria de risco interditou os seguintes endereços:
- Interdição total: Rua Professor Gentil Sales, 41 (casa que foi atingida pelos escombros);
- Interdição parcial: Rua Milton Pereira, 101 (comércio, parede com trincas).
A Defesa Civil de BH notificou os donos dos imóveis a adotarem medidas de mitigação de risco (para reduzir riscos e ameaças). Por se tratar de uma área particular, a decisão de recuperação ou demolição das casas é feita pelos proprietários.
Segundo a dona da casa atingida pelos escombros, Sueli Abreu, o imóvel é próprio da família e um advogado está cuidando do caso.
A Polícia Civil de Minas Gerais afirmou, por meio de nota, que o laudo pericial está em andamento e ficará pronto daqui 30 dias, podendo ser ampliado por mais um mês, dependendo da sua complexidade.
História do prédio
Segundo os vizinhos e moradores da casa atingida pelos escombros, a obra começou em 2014 e estava sendo feita por conta própria.
"Não colocaram engenheiro para construir esse prédio. Eles começaram a construir tudo errado, sem estrutura nenhuma", conta João Mato, morador do bairro.
Inicialmente, a família teria contratado uma construtora, mas dispensou o serviço. Os vizinhos já haviam denunciado a irregularidade das obras.
"A vizinhança toda falava que ia ser perigoso cair, mas eles não ouviram, começaram a construir em 2014. Embargaram essa obra umas três vezes, eu mesmo fui lá na prefeitura para pedir. Ficou um tempo parado, mas voltaram a construir ano passado", diz Rafael Emílio da Cunha, de 76 anos, morador da casa atingida pelos escombros.
Os apartamentos seriam uma renda extra para a família. "Disseram que iam alugar os apartamentos, mas eles mesmos já estavam morando lá em cima, na cobertura. Também tinha um casal e uma criança morando no térreo, mas eles também não estavam em casa na hora que desabou", continua.
De acordo com os moradores, o prédio começou a ser feito em cima de uma casa e não havia fundação para sustentar uma estrutura maior.
"Era uma casa velha em baixo. Falaram para nós que iam fazer só dois pavimentos, mas não tinha fundação. Foram levantando os andares aleatoriamente, sem engenheiro, nem nada", conta Sueli Abreu, de 70 anos, também moradora da casa atingida.
Segundo outra moradora, Ilma Pereira, a família ia demolir o primeiro andar para fazer uma garagem. "Moro aqui desde 2008, na época não existia esse prédio, era apenas uma casa. Eles construíram em cima dela e descobri que estavam quebrando a estrutura da casa, no primeiro andar, para fazer uma garagem", conta.
A reportagem tentou contato com a família que morava no andar térreo do prédio, mas não houve retorno.