A cidade de Coluna, no Vale do Rio Doce, foi palco de uma manifestação da família de Evandro Caetano, de 41 anos, que morreu na última segunda-feira (26/9), no quintal de sua casa, com um tiro dado por um policial militar.
Segundo a PMMG, o homem teria resistido à prisão e ameaçou policiais com uma garrucha. Segundo nota da corporação, foi legítima defesa. O fato ocorreu em Córrego Grotão, zona rural de Coluna.
Segundo uma sobrinha da vítima, a morte do tio teria ocorrido de maneira suspeita, pois ele teria sido cercado por cinco militares e, no momento de sua morte, estaria ajoelhado.
“Meu tio estava construindo essa casa. Ele estava lá, trabalhando. Nunca tinha tido qualquer problema com a polícia. Eles chegaram e ele estava conversando, 'de boa', e acabou sendo morto”, diz ela.
A família diz que está apenas pedindo uma investigação que aponte o que realmente ocorreu, pois entende que a morte aconteceu de maneira suspeita, semelhante a uma execução.
Fato e denúncia
Segundo o Boletim de Ocorrências (BO) da Polícia Militar, foi montada uma operação para investigar uma denúncia de disparo de arma de fogo e posse ilegal de armas para caça, indo até a casa citada na queixa.
Ao chegar ao local, segundo o BO, os militares de Coluna foram recebidos por Evandro, que admitiu possuir uma arma de fogo, uma cartucheira, que utilizava para caça, que era seu hobby.
Os policiais pediram então para que ele informasse onde estaria a arma e que um militar iria até esse local apanhá-la. Evandro levou os policiais, até a cozinha da casa, mas, antes de apanhar a arma, ele mostrou uma caixa de munição, com cerca de 50 cartuchos.
Foi depois disso que entregou um revólver. Mas surpreedeu os policiais ao dizer que tinha outra arma no quintal. Assim que passaram pela porta da cozinha, Evandro saiu em disparada ao matagal existente nos fundos da casa, seu quintal.
Dois policiais saíram no seu encalço e, no meio de um matagal alto, teriam sido surpreendidos por Evandro, apontando uma garrucha na direção de ambos. Os policiais pediram para que largasse a arma. Como ele não obedeceu, um dos policiais que se sentiu ameaçado, acabou dando um tiro em Evandro.
Os policiais o levaram para o Hospital Municipal de Coluna, onde ele morreu. A arma do policial foi recolhida e está à disposição da justiça.
Na casa de Evandro, foram encontradas uma cartucheira Rossi .36, um revólver Taurus .38, com numeração raspada, 65 cartuchos intactos .38, oito cartuchos intactos .36, três cartuchos deflagrados .36 e uma carteira contendo dinheiro e documentos pessoais.
Nota Oficial
A Polícia Militar distribuiu uma nota oficial sobre o ocorrido. Confira na íntegra:
“Na data de 26/09/2022, a Guarnição Policial Militar do 65º Batalhão PM deslocou até uma residência na zona rural da cidade de Coluna para averiguar denúncia sobre disparos de arma de fogo e porte ilegal de arma de fogo e munições.
No local, de acordo com informações de testemunhas e dos militares, foi realizado contato com o denunciado o qual assumiu possuir munições as quais entregou aos militares e, logo após, assumiu possuir arma de fogo sendo orientado a mostrar para os militares onde se encontrava contudo o denunciado deslocou até o local onde a arma se encontrava e tomou posse desta vindo a apontar em direção aos militares sendo então que um dos militares, por temer injusta agressão por disparo de arma de fogo, efetuou um disparo vindo atingir o denunciado o qual foi socorrido de imediato até o hospital da cidade contudo não suportou e veio a óbito.
No local foram apreendidas duas armas de fogo e munições as quais seriam do denunciado.
As medidas judiciais foram adotadas de imediato sendo apreendida a arma de fogo utilizada no disparo assim como instaurado o competente inquérito policial militar para apurar todo o ocorrido."