A população de Coluna, no Vale do Rio Doce, cobra investigações sobre a morte do trabalhador rural Evandro Caetano, de 41 anos, por um policial militar, nos fundos de sua casa, em Córrego Grotão, na zona rural da cidade, em 26 de setembro. A família e amigos vêm fazendo manifestações, exigindo uma apuração detalhada do caso, que é investigado pela Delegacia de Polícia Civil de São João Evangelista.
Segundo a Polícia Militar, Evandro teria resistido à prisão e ameaçou os policiais com uma garrucha. Segundo nota da corporação, o militar agiu em legítima defesa.
Familiares não desistem em querer provar a inocência de Evandro e, nesta segunda-feira (3/10), denunciaram que Evandro foi executado, uma vez que, no momento em que foi alvejado, estaria ajoelhado e algemado.
Segundo uma sobrinha de Evandro, a morte do tio teria ocorrido de maneira suspeita. “Eram cinco policiais que cercaram a casa. Enquanto dois entraram, outros três estavam do outro lado, prontos para entrar na residência também. A casa estava em construção.”
Os parentes alegam, também, que Evandro nunca tinha tido qualquer problema com a polícia. E prova disso, segundo eles, é que a vítima teria aberto a porta para os policiais e os recebido, conversando normalmente.
Na nova manifestação, os parentes alegam haver testemunhas de que Evandro estaria dominado e se entregando. A família diz que está apenas pedindo uma investigação que aponte o que realmente ocorreu.
Entenda o caso
Segundo o Boletim de Ocorrências (BO) da Polícia Militar, foi montada uma operação para investigar uma denúncia de disparo de arma de fogo e posse ilegal de armas para caça, indo até a casa citada na queixa.
Ao chegar ao local, segundo o BO, os militares de Coluna foram recebidos por Evandro, que admitiu possuir uma arma de fogo, uma cartucheira, que utilizava para caça, que era seu hobby.
Os policiais pediram então para que ele informasse onde estaria a arma e que um militar iria até esse local apanhá-la. Evandro levou os policiais, até a cozinha da casa, mas, antes de apanhar a arma, ele mostrou uma caixa de munição, com cerca de 50 cartuchos.
Foi depois disso que entregou um revólver. Mas surpreedeu os policiais ao dizer que tinha outra arma no quintal. Assim que passaram pela porta da cozinha, Evandro saiu em disparada ao matagal existente nos fundos da casa, seu quintal.
Dois policiais saíram no seu encalço e, no meio de um matagal alto, teriam sido surpreendidos por Evandro, apontando uma garrucha na direção de ambos. Os policiais pediram para que largasse a arma. Como ele não obedeceu, um dos policiais que se sentiu ameaçado, acabou dando um tiro em Evandro.
Os policiais o levaram para o Hospital Municipal de Coluna, onde ele morreu. A arma do policial foi recolhida e está à disposição da justiça.
Na casa de Evandro, foram encontradas uma cartucheira Rossi .36, um revólver Taurus .38, com numeração raspada, 65 cartuchos intactos .38, oito cartuchos intactos .36, três cartuchos deflagrados .36 e uma carteira contendo dinheiro e documentos pessoais.
Investigações pela Polícia Civil
Em nota, a Polícia Civil informou que instaurou inquérito para apurar as circunstâncias e a motivação da morte do homem de 41 anos, ocorrida em Coluna. O procedimento tramita a cargo da Delegacia de Polícia Civil em São João Evangelista com realização de diligências e laudos periciais que vão subsidiar a investigação. "Outras informações serão prestadas em momento oportuno."