São Gonçalo do Sapucaí, cidade do Sul de Minas Gerais, conta com ajuda de voluntários e doações, além dos órgãos municipais e estaduais, para se reconstruir, após o temporal de granizo que castigou o município na tarde dessa segunda-feira (03/10). A chuva não deu trégua e voltou a causar estragos nesta terça (4/10).
Vídeos que circulam nas redes sociais mostraram pedras de gelo, muitas enormes, caindo sobre São Gonçalo do Sapucaí por volta das 14h, quase 24h depois do primeiro temporal que assustou famílias e autoridades locais.
Moradores sofreram com gelo sobre as casas e a lama que foi arrastada em bairros como no Inconfidentes e Alto da Aparecida. Várias ruas foram tomadas pela água - em alguns pontos, carros e estabelecimentos ficaram comprometidos.
Prejuízos e decreto de calamidade
Equipes da Prefeitura passaram a noite de segunda-feira e a manhã de terça visitando as áreas mais atingidas pelo temporal de granizo, tentando contabilizar os prejuízos e ajudando as famílias que perderam bens materiais.
Ao todo, segundo o prefeito Brian Drago, cerca de 350 casas ficaram destelhadas. Lonas e novas telhas estão sendo adquiridas para ajudar as famílias. Contudo, já há falta dos dois materiais na cidade e na região, o que tem dificultado os serviços.
“Tenham calma. Nós estamos correndo atrás. Foram grandes prejuízos; eu calculo por volta de umas 350 residências que tiveram seus telhados afetados. Umas perderam mais, outras menos. Com o tempo nós esperamos ajudar essas pessoas a recuperar os seus bens. O momento é de solidariedade, de estarmos juntos, de agradecer a Deus porque não houve óbito. Algumas pessoas se machucaram sim, mas não perdemos nenhuma vida”, disse o prefeito em vídeo ao vivo nas redes sociais.
Drago ainda calcula cerca de R$ 1 milhão em prejuízos. Com isso, ele precisou decretar estado de calamidade pública no município para que pudesse receber ajuda financeira do estado. O chefe do Executivo municipal ainda pediu calma à população e afirmou que ajudará os empresários e empregados da cidade.
“Infelizmente não é tão simples as coisas. Nós tivemos que fazer esse protocolo todo do decreto, temos que colocar no sistema, porque se não, não recebemos ajuda do governo. Vou até o governador Zema, vou pedir a ele ajuda ao nosso município, porque eu acredito que os prejuízos vão passar da casa do R$ 1 milhão de reais. E vamos ver o que vamos poder fazer por esses empresários, que tipo de ajuda vamos dar a eles, afinal de contas eles perderam suas empresas e pessoas podem perder os seus empregos”.
Os prejuízos foram diversos. Uma vaca foi encontrada morta em um pasto no bairro Alto da Aparecida, com ferimentos possivelmente causados pelos granizos. Além disso, a funcionária de uma empresa se assustou no momento da chuva, tentou correr e acabou atingida por uma das pedras de gelo na testa, sofrendo um corte profundo. Ela foi atendida e passa bem.
A os imóveis da Prefeitura, do Batalhão da PM e da Câmara também foram atingidos e precisaram ser interditados.
“Eu pedi que as pessoas não fossem à prefeitura, primeiro porque nós estávamos lá muito ocupados, em toda gestão dessa crise, e segundo, o forro da prefeitura está desgrudando e caindo. Com certeza as calhas também entupiram com as pedras de gelo, essa água transbordou, e pode botar em risco na vida das pessoas. Quando nós estávamos lá, na sala de reunião parte do teto desabou. Na minha sala, está perigoso, pois despregou boa parte do teto. Então enquanto não tenhamos segurança na parte superior da prefeitura, nós vamos evitar que as pessoas cheguem até lá. E fora o prejuízo com documentos que foram molhados”, explicou o prefeito.
Falta de água
O abastecimento de água foi interrompido em bairros da parte mais alta da cidade, como Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora de Fátima, Santa Cruz, Santo Isidoro, Bárbara Heliodora, Vista da Serra, Morada do Sol, Inconfidentes, Novo Horizonte, Quenta Sol e Flamboyant.
“Técnicos da companhia estão mobilizados para identificar e sanar o problema o mais rápido possível. Durante este período mais crítico, a Copasa pede uma atenção especial de toda a população sobre a necessidade do uso racional da água”.
Problemas com a energia
Em nota enviada ao Terra do Mandu, a Cemig afirmou que as chuvas provocaram danos diversos ao sistema elétrico na cidade e, consequentemente, ocorrências de falta de energia na região.
“O volume de serviços emergenciais contabilizados é superior a um dia típico de outubro, com registro de casos envolvendo postes quebrados, fios partidos, árvores e outros objetos lançados sobre a rede, que são prioridade de atendimento por envolverem riscos a segurança da população”, informou.
Para restabelecer o fornecimento de energia no menor tempo possível, a empresa está mobilizando todos os recursos disponíveis para os reparos. As equipes vão continuar trabalhando de forma ininterrupta até que todos os clientes tenham sido atendidos.
Doações e solidariedade
Logo após o temporal, equipes e voluntários já estavam ajudando famílias que sofreram prejuízos na cidade. Ao menos 63 pessoas ficaram desalojadas e precisaram dos abrigos municipais montados pela prefeitura. Destes, 42 pessoas foram acolhidas no prédio do CAIC e 21 na Casa Lar.
No local, eles estão recebendo alimentação, produtos de higiene, atendimento psicológico e assistencial, além de apoio. Uma campanha para doações foi iniciada na cidade, onde muitos materiais e comida estão sendo doados.
Outras cidades da região também estão ajudando São Gonçalo. É o caso de Monsenhor Paulo, que enviou donativos e caminhões pipa para ajudar na limpeza das ruas. Santa Rita do Sapucaí e Santo Antônio do Amparo também estão se movimentando para ajudar o município vizinho.
“A população realmente tem abraçado as causas e a gente fica feliz por isso. Saber que o povo é unido, que as pessoas pensam no próximo, em uma situação bem difícil que estamos vivendo agora. Agradecemos a Prefeitura de Monsenhor Paulo pela ajuda que vem sendo oferecida neste momento tão difícil que nossa cidade vem passando”, disse Daniane Casado, secretária municipal de Desenvolvimento Social.
Um caminhão de ajuda humanitária da Defesa Civil Estadual saiu de Belo Horizonte pela manhã, em direção ao município, com colchões, cestas básicas, kits dormitório com fronha, lençol, cobertor, materiais de limpeza e higiene. Alguns materiais ainda estão em falta, como fraldas e leite.
“Fraldas no momento a assistente social está com uma quantidade reduzida e está precisando, além de leite em pó aptamil anti-regurgitação (anti-refluxo para bebês de 0 a 36 meses), porque tem situações aqui de bebês que têm necessidade exatamente desse leite, e não tem”, comentou a primeira-dama, que também está ajudando no recebimento das doações.
Minas Gerais continua em alerta para chuvas fortes com granizo em 535 cidades entre esta terça-feira (04/10) e quarta-feira (05/10), segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Nestas cidades a previsão é de temporais de até 100 milímetros. Lembrando que volumes acima de 25 milímetros já são considerados chuvas fortes.
Além disso, os ventos podem chegar a até 100 km/h nestas cidades. “Risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e de alagamentos”, alerta o Inmet.
Iago Almeida / Especial ao EM
“Fraldas no momento a assistente social está com uma quantidade reduzida e está precisando, além de leite em pó aptamil anti-regurgitação (anti-refluxo para bebês de 0 a 36 meses), porque tem situações aqui de bebês que têm necessidade exatamente desse leite, e não tem”, comentou a primeira-dama, que também está ajudando no recebimento das doações.
Alerta de mais temporais
Minas Gerais continua em alerta para chuvas fortes com granizo em 535 cidades entre esta terça-feira (04/10) e quarta-feira (05/10), segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Nestas cidades a previsão é de temporais de até 100 milímetros. Lembrando que volumes acima de 25 milímetros já são considerados chuvas fortes.
Além disso, os ventos podem chegar a até 100 km/h nestas cidades. “Risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e de alagamentos”, alerta o Inmet.
Iago Almeida / Especial ao EM