Bruno Luis Barros
O metrô de Belo Horizonte voltará a operar com 100% da frota, a partir desta sexta-feira (7/10), após dois dias de paralisação total. A decisão de retomar as atividades foi tomada pelos metroviários no fim da tarde desta quinta-feira (6/10) durante assembleia realizada pelo Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindmetro).
Segundo o presidente da entidade, Daniel Glória, a categoria vai se reunir novamente na terça-feira (11/10), às 17h30. “Até a data da próxima assembleia, haverá a oferta integral do transporte. Na ocasião, vamos deliberar sobre os rumos da paralisação e definir em qual formato ela será feita”, explicou o dirigente ao Estado de Minas.
A greve dos metroviários teve início em 25 de agosto, um dia após o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizar a abertura do edital para concessão do serviço.
Porém, no dia seguinte, a companhia, que opera o metrô de BH, conseguiu uma liminar para que ele funcionasse com pelo menos 60% da capacidade e com maior intervalo entre as viagens.
Nessa terça-feira (4/10), a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) obteve decisão favorável ao pedido de aumento da multa diária de R$ 35 mil para R$ 70 mil em caso de desobediência à ordem de escala mínima de 60% da frota. Mesmo com aumento da multa, os metroviários decidiram manter a paralisação total em BH.
O presidente do sindicato disse que a decisão judicial também foi pauta durante o encontro nesta tarde e qualificou a majoração do valor da penalidade como uma “injustiça”.
“Há um mês, a gente vem notificando a Justiça por vários descumprimentos da empresa nessa liminar, colocando trens para rodar com um contingente acima de 80% das viagens nos horários de pico. Nada foi feito. Não houve majoração da multa para a empresa. Mas quando nós trabalhadores radicalizamos o movimento, a resposta vem quase que de imediato”, argumentou.
As alegações do sindicato são contestadas pela CBTU, que já havia informado à reportagem que a companhia, em atendimento à ordem judicial, estava operando com o quantitativo máximo de 60% dos trens habitualmente praticados.
Metroviários contestam edital de concessão
Com distribuição de bananas, o Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindmetro) liderou um protesto na Estação Central na tarde de 29 de setembro para rechaçar o edital de concessão do Metrô da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Metrô-BH) publicado no dia 23 do mesmo mês pelo Governo de Minas Gerais.
Na ocasião, os metroviários organizaram uma assembleia e decidiram pela paralisação total de 48 horas nesta semana, a partir de quarta (5/10).
O edital rejeitado pela categoria também prevê a privatização da CBTU no estado. O investimento projetado, ao logo de 30 anos de concessão, é de R$ 3,7 bilhões. Deste montante, R$ 3,2 bilhões vêm dos cofres públicos, sendo R$ 2,8 bilhões de aporte da União e R$ 440 milhões do estado. O restante fica a cargo da empresa vencedora da licitação. Logo, a categoria questiona o preço fixado pelo governo no lance inicial em R$ 19,3 milhões.
“Além das 35 composições, nós temos 19 estações, quatro subestações de energia, 29 quilômetros de leito ferroviário e as edificações ao longo do trecho. A CBTU está sendo oferecida a preço de banana”, avaliou, na ocasião, o presidente do sindicato, também em conversa com a reportagem.