Jornal Estado de Minas

REVOLTANTE

Baleado no rosto, cãozinho Billy luta pela vida e inspira campanha em BH



Por Leonardo Godim 

Billy é o apelido do cachorro caramelo que vagava, machucado e sangrando, pelas ruas do bairro Trevo, perto da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. Até que ele chamou a atenção de um morador, que ligou para uma amiga e juntos, eles foram atrás de Billy para resgatá-lo.





O resgate não foi fácil. A jornalista Alessandra Costa e seu amigo demoraram dois dias para localizar o cãozinho e, quando o acharam, em 25 de setembro, tiveram dificuldade de se aproximar dele, que estava assustado e debilitado. Só foi possível pegar Billy para levá-lo ao veterinário com a ajuda dos vizinhos que estavam alimentando o cão.

“Nesse momento, Billy se rendeu completamente. Ele estava exausto e muito doente. Não tentou fugir, pelo contrário – parecia entender que estava sendo salvo. No caminho para a clínica veterinária, ele seguiu quietinho e adormeceu”, contou Alessandra.

Billy tinha sido baleado, e um dos tiros ou mais atingiram sua cabeça. Segundo os veterinários, ele estava desidratado, desnutrido, com uma forte infecção no local da ferida e febre alta. Ao fazer um raio X do seu rosto, foram identificados 14 estilhaços ou projéteis.





Foram encontrados 14 projéteis ou estilhaços no rosto do cãozinho. (foto: Alessandra Costa/Divulgação)
Desde então, o cãozinho segue internado. Ele não pode ser operado para retirada dos projéteis porque está anêmico. Ele foi diagnosticado com erliquiose, babesiose e leishmaniose. O quadro é delicado, e exige cuidados constantes.

Billy será colocado para adoção responsável assim que se recuperar totalmente.
 

Abandono e violência

Alessandra ficou sabendo que Billy tinha uma tutora, que foi embora do bairro e o abandonou. Desde então, ele vivia com os cachorros de rua.

O cãozinho não foi o primeiro a ser baleado na região, segundo moradores. Outros dois cachorros já foram atingidos por disparos de arma de fogo, e morreram. Há um homem apontado como possível suspeito, e seus dados foram entregues à polícia. Sua identidade está em sigilo por recomendação das autoridades.





violência contra animais é crime pela Constituição Federal e pela Lei Federal de Crimes Ambientais. Praticada contra cães e gatos, a pena é de reclusão de 2 a 5 anos, multa e proibição da guarda. A pena pode aumentar de um sexto a um terço caso o animal venha a óbito.
 

Crueldade

O caso de Billy ganhou repercussão com a campanha Amor de Billy, organizada por Alessandra. Além de arrecadar valores para o tratamento do cãozinho, o objetivo da campanha é conscientizar as pessoas sobre a necessidade de políticas de proteção aos animais.

Billy com Alessandra, que fez seu resgate e organizou a campanha Amor de Billy. (foto: Alessandra Costa/Divulgação)
Quem deseja doar pode procurar Alessandra pelo Instagram (@amor.de.billy).





“O sofrimento de Billy não pode ser esquecido. É preciso indignação, e que o caso dele se torne paradigmático no combate à violência contra os animais. A campanha @amor.de.billy surge com esse intuito. Esperamos que a campanha cresça e sensibilize o maior número de pessoas. Não é possível fechar os olhos para tanta crueldade contra os animais, como as que temos visto diariamente. Cabe a todos nós cobrar e exigir das autoridades que isso seja rigorosamente punido, que políticas públicas sejam de fato implementadas e que existam movimentos de conscientização e proteção animal. Em especial, eu espero contar com apoio de todos para que o responsável seja devidamente punido. Não podemos permitir que seja mais um crime contra um cão que ficará impune!”, desabafou Alessandra.