A Copa do Mundo está quase chegando e os moradores da Rua Francisco Bicalho, no Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte, já estão preparados para o evento. Seguindo uma tradição iniciada em 1994, a vizinhança está trabalhando em equipe para decorar toda a rua nas cores da bandeira do Brasil. Mas, dessa vez, um elemento diferente chamou atenção: em meio aos enfeites, os moradores deixaram uma faixa para ninguém se confundir. O aviso é claro: “Não é política, é Copa”.
Júlio Freitas, de 26 anos, é um dos moradores da rua e conta que a faixa estava nos planos desde antes de iniciarem as pinturas, pois queriam evitar que a decoração fosse confundida com alguma manifestação política. “Antes, as pessoas passavam xingando, buzinando ou manifestando apoio. Mas não é nenhum movimento político, é algo específico para a Copa do Mundo”, explicou.
Júlio conta que seu pai e avô iniciaram o projeto, que hoje em dia é muito importante para quem mora na Francisco Bicalho e nos arredores: "A gente gosta muito de futebol, mas também se aproxima mais dos vizinhos e reforça esse laço. Conhecemos pessoas que, se não fosse por isso, não teríamos a oportunidade”. Para ele, também é importante passar uma lição de união e trabalho em equipe para as próximas gerações.
Campanha vai eleger a melhor decoração
Além de seguir com a tradição, a Rua Francisco Bicalho está participando de uma promoção feita pela Brahma e Lukscolor, que vai escolher a rua mais bem decorada.
A promoção, chamada Ruas da Torcida, é aberta a qualquer grupo que se candidade defendendo o colorido de sua rua. As melhores recebem patrocínio para realizar as pinturas. As duas decorações mais bonitas vão receber toda a infraestrutura para fazer a transmissão dos jogos, além de ter a arte gravada em latinhas de cerveja que vão regar a festa.
Julio conta que, para deixar as pinturas mais sofisticadas do que nos anos anteriores, a iniciativa chamou o grafiteiro Ségio Iron, que deixará suas marcas nas bandeiras do Brasil - neste momento, apolíticas.
O envolvimento foi além do núcleo de Julio e de seu pai , Zelino Correa, 59, que começou com tudo isso no ano do Tetra. O trabalho reuniu famílias, amigos e moradores de ruas próximas, aumentando a colaboração. Pessoas que passam pela rua contribuem espontaneamente. "Passou um cara de moto, era mais de 1h da madrugada, a gente estava envolvido nas pinturas. Ele se interessou, perguntou o que era, desceu e começou a ajudar a gente", Julio celebra com humor.
Para acompanhar o dia a dia de todo esse processo, foi criado um perfil no Instagram chamado @galeradafranciscobicalho, que vai promover a campanha e já está fazendo sucesso.