Jornal Estado de Minas

INVESTIGAÇÃO

Caso Kat: Itamaraty acompanha investigação do 'sumiço' de mineira EUA


Bruno Luis Barros

O Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio do Consulado-Geral do Brasil em Houston, nos EUA, informou ao Estado de Minas nesta segunda-feira (17/10) que “está em contato estreito com as autoridades policiais norte-americanas responsáveis pela investigação” de tráfico humano envolvendo duas brasileiras: a mineira Letícia Maia Alvarenga, de 21 anos, e Desirrê Freitas Silva, de 26, natural de São Paulo. 



Ambas cortaram laços com familiares após se envolverem com a influenciadora digital Kat Torres, popularmente conhecida como Kate A Luz. A suspeita é de que Kat tenha aliciado as jovens para a prostituição. 
 
Em nota enviada à reportagem, o consulado diz que se colocou à disposição para prestar assistência às duas brasileiras e seus familiares. Contudo, não divulgou informações detalhadas sobre o caso, alegando "observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012".

"O MRE não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros”, ressaltou o comunicado. 
 

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Nesta segunda-feira (17/10), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou que “há registro de desaparecimento de Letícia, e os pais dela foram ouvidos”. Ainda segundo a corporação, a Polícia Federal foi consultada e reportou que existe registro de desembarque da jovem no Aeroporto Internacional de Houston em 14 de maio deste ano.



A mineira Letícia está desaparecida desde abril deste ano, segundo informações divulgadas pelo pai dela, Cleider Castro Alvarenga, nas redes sociais. Ela aparece em um site de prostituição oferecendo o serviço de acompanhante em Austin, capital do Texas. Familiares de Desirrê também encontraram fotos da jovem na internet com a oferta de serviços sexuais. 
 
Ainda segundo o pai de Letícia, que mora em Perdões, no Sul de Minas Gerais, a filha, a princípio, estava na cidade de Leander, no mesmo estado do país norte-americano. “Estamos desesperados. Se alguém tiver alguma notícia, nos avise. Peço também que compartilhem com outros grupos e pessoas que possam nos ajudar”, escreveu em publicação no Instagram na última sexta-feira (14/10). Em outra postagem, ele suspeita que Letícia tenha sido vítima de tráfico humano. 
 
Letícia se mudou para os Estados Unidos para fazer au pair – programa de intercâmbio onde a pessoa faz parte de uma família anfitriã norte-americana, por um ano, cuidando de seus filhos, e recebe em troca acomodação, refeições, remuneração semanal e a oportunidade de viagens e estudos. No entanto, após conhecer Kate, ela cortou laços com os familiares.




 
Devido à pressão popular nas redes, Kate declarou na sexta-feira (14/10) que tanto Letícia quanto Desirrê estão bem, sendo que elas não falam com suas famílias em decorrência de relacionamentos abusivos. As jovens, posteriormente, gravaram vídeos reforçando as falas de Kate. Letícia, especificamente, chegou a aparecer em uma live com a guru.
 

Letícia acusa o pai de abuso sexual

Após grande repercussão, a jovem confrontou sua família em vídeos publicados no Instagram e acusou o próprio pai de abuso sexual. “Quando eu era criança fui abusada pelo meu pai. Minha mãe sempre ia para a roça e eu ficava com meu pai. Então, era nesse tempo que tudo acontecia. Ele abusava de mim sexualmente. Minha mãe chegava em casa, eu falava o que aconteceu, e ela deixava para lá”, afirmou a jovem, acrescentando que encontrou apoio em Kate para lidar com a situação.
 
Vale mencionar que as publicações com ataques à família não convenceram a maioria dos internautas. Nos comentários, muitas pessoas acreditam que Letícia foi coagida, de alguma forma, a gravar os vídeos. Em relação às postagens em texto, foi levantada a suspeita de que as mensagens tenham sido escritas por Kat.





Caso Desirrê Freitas

No Twitter, um rapaz que se identifica como Matheus Rego diz que foi colega de escola da jovem e – em conjunto com outros estudantes – se envolveu nas buscas por notícias dela. “Enquanto pesquisamos sobre Kate, descobrimos que Desirrê era uma seguidora fiel da coach. Ela aparecia em comentários, conversando com outros seguidores, também postando em seu Instagram como a Kate fez diferença em sua vida”, iniciou.
 
Em imagens divulgadas por Matheus, a coach Kat Torres diz que cobra U$ 8 mil para “fazer energia”. Segundo ela, o procedimento serve para que as pessoas consigam visto de trabalho ou permanente e, deste modo, possam ficar nos EUA. “Assim, elas poderão fazer 'business' comigo, eu mesma, em pessoa, e elas ficarem milionárias aqui. Eu sei que é um plano de mestre, e ninguém quis ter o estresse de fazer”, disse, destacando que o projeto é comandando por ela, Letícia, Desirrê e “algumas outras duas bruxas”.
 
Nesse domingo (16/10), a página no Instagram intitulada Searching Desirrê – criada para tentar obter respostas sobre o paradeiro da jovem e divulgar o caso – fez uma publicação, em nome da família, na qual afirma que a jovem não aparece em público desde 19 de setembro.




 
Já Matheus afirmou que Desirrê realmente apareceu no dia 19 daquele mês, porém “escrevia igual a Kate nos posts”. “Nesse dia, ela reativou o WhatsApp e chamou alguns amigos ‘ordenando’ que parassem as buscas, muito diferente de como age, pois ela sempre fala por áudios”, disse. 
 
Dois dias antes, a coach enviou para a página Searching Desirrê um vídeo no qual a jovem pede para que as pessoas parem de procurá-la. No dia 18 do mesmo mês, Letícia também divulgou um vídeo em que, de forma bem agressiva, reforça não querer contato com familiares. Veja abaixo: 


Quem é kat Torres

 
Em seu site oficial, kat Torres se apresenta como modelo, escritora e “life coach”, alegando ter mais de mil clientes pelo mundo para os quais realiza consultas. Em seus atendimentos, ela promete uma “transformação de vida” e ensina como ter “relacionamentos de sucesso”. Natural do Pará, atualmente ela afirma que reside em Manhattan, Nova York.