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Estado de Minas Nos EUA

Mineira dada como desaparecida envolve Yasmin Brunet e modelo reage

Letícia Maia Alvarenga, de 21 anos, acusou modelo de liderar suposto esquema de tráfico humano


18/10/2022 17:11 - atualizado 18/10/2022 19:47

Por Clara Mariz e Bruno Luis Barros

 

Letícia Maia Alvarenga e Desireé Freitas
Famílias afirmam que jovens foram para os Estados Unidos para trabalhar como babás (foto: Arquivo Pessoal)
A mineira Letícia Maia Alvarenga, de 21 anos, que, segundo os pais, estava desaparecida nos Estados Unidos desde abril deste ano, disse, em suas redes sociais, que a modelo e atriz brasileira, Yasmin Brunet, possui um esquema de tráfico humano no país norte americano. As acusações foram feitas depois que a família da jovem pediu ajuda para encontrá-la. Letícia foi para o país como Au pair - um tipo de babá -, mas saiu do programa após se envolver com a “coach” Kat Torres. 

 

Em uma publicação em seu stories, Letícia afirmou que foi sequestrada por Brunet em um “esquema de prostituição” e que outra jovem, Desirrê Freitas, que também seguia Kat Torres, foi feita refém. Nesta terça-feira (18/10), a mineira chegou a publicar um vídeo em que, com a voz arrastada, diz que está tentando falar com seus seguidores, mas não está sendo ouvida. 

 

“Gente, gente. Eu estou tentando aqui a ajuda de vocês. Eu quero pedir a ajuda de vocês. Eu estou tentando falar, e vocês não estão acreditando. Por favor, a Desireé ainda está em perigo. A Yasmin Brunet ainda está com ela lá. Eu consegui sair do cativeiro, mas a Desirrê continua lá. Eu vou tentar… Eu vou tentar salvá-la, eu vou arriscar minha vida por ela”, disse Letícia. 

 

 

Após as publicações, a modelo Yasmin Brunet disse que não vai comentar mais sobre o caso, mas que seus advogados já estão “tomando as providências legais e cabíveis”. A artista afirmou que entrou na história com a intenção de ajudar Letícia, mas que percebeu que os envolvidos “buscam apenas atenção”. 

 

“Tráfico humano é um assunto grave, não é para brincar ou ganhar fama em cima. Quanto mais a gente banaliza, mais essas vítimas se tornam invisíveis, parte de um senso ficcional, sendo que esse mercado horrível existe, movimenta muito dinheiro em cima dos corpos das mulheres. Tráfico humano não é fanfic. É assunto sério e urgente”, concluiu Brunet. 

Sumiço 

Diante das incertezas a respeito do que aconteceu com as brasileiras Letícia Maia Alvarenga, de 21 anos, e Desirrê Freitas, de idade desconhecida, pais, familiares e amigos travam uma batalha em busca de respostas. Elas desapareceram após envolvimento com a influenciadora digital Kat Torres, popularmente conhecida como Kate A Luz. 

 

As jovens se mudaram para os Estados Unidos para fazer au pair – programa de intercâmbio onde a pessoa faz parte de uma família anfitriã norte-americana, por um ano, cuidando de seus filhos, e recebe em troca acomodação, refeições, remuneração semanal e a oportunidade de viagens e estudos. No entanto, após conhecerem Kat, ambas cortaram laços com os familiares.

 

Devido à pressão popular nas redes, Kat declarou na sexta-feira (14/10) que tanto Letícia quanto Desirrê estão bem, sendo que elas não falam com suas famílias em decorrência de relacionamentos abusivos. As jovens, posteriormente, gravaram vídeos reforçando as falas de Kat. Letícia, especificamente, chegou a aparecer em uma live com a guru. 

 

Também na última sexta-feira, o pai de Letícia, Cleider Castro Alvarenga, que mora em Perdões, no Sul de Minas Gerais, publicou um relato no Instagram afirmando que ela está desaparecida deste abril deste ano. Segundo ele, a filha estava na cidade de Leander, no Texas. “Estamos desesperados. Se alguém tiver alguma notícia, nos avise. Peço também que compartilhem com outros grupos e pessoas que possam nos ajudar”, escreveu. 

 

Em outra publicação nas redes sociais, Cleider suspeita que Letícia tenha sido vítima de tráfico humano. Nos comentários, internautas afirmaram ter visto a foto da jovem em sites de prostituição. Nesse sentido, a reportagem localizou imagens de Letícia em um site que oferece o serviço de acompanhante da jovem em Austin, capital do Texas. 

 

Autoridades

Em nota à imprensa nesta segunda-feira (17/10), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou que “há registro de desaparecimento de Letícia, e os pais dela foram ouvidos”. Ainda segundo a instituição policial, a Polícia Federal foi consultada e reportou que existe registro de desembarque da jovem no Aeroporto Internacional de Houston em 14 de maio deste ano. 

 

O Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio do Consulado-Geral do Brasil em Houston, nos EUA, informou ao Estado de Minas nessa segunda-feira (17/10) que “está em contato estreito com as autoridades policiais norte-americanas responsáveis pela investigação” de tráfico humano envolvendo as duas brasileiras. 

 

Em nota enviada à reportagem, o consulado diz que se colocou à disposição para prestar assistência às duas brasileiras e seus familiares. Contudo, não divulgou informações detalhadas sobre o caso, alegando "observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012".

 

"O MRE não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros”, ressaltou o comunicado. 

 

Caso Desirrê

Ainda nesta terça-feira a outra jovem que estava desaparecida publicou um vídeo na conta de Letícia Maia. Na gravação, Desirrê afirma que está presa em um cativeiro e que a amiga conseguiu passar o celular por baixo da porta do porão em que está. 

 

“Gente, aqui é a Desirrê [...] É verdade tudo que estão falando. A Yasmin Brunet tem um esquema para traficar meninas aqui nos Estados Unidos [...]  Me ajudem, pelo amor de Deus. Eu não sei mais o que fazer. Ela tem homens armados, ela põe a gente para fazer programa. Porque eu me recusei, ela me colocou em cativeiro e a gente não consegue me tirar daqui. Eu não aguento mais ficar aqui, por favor”, disse a mulher. 

 

 

 

No domingo (16/10), a página no Instagram intitulada Searching Desirrê – criada para tentar obter respostas sobre o paradeiro da jovem e divulgar o caso – fez uma publicação, em nome da família, na qual afirma que a jovem não aparece em público desde 19 de setembro. 

 

“Muita gente está acompanhando as lives que estão surgindo, todas com narrativas deturpadas – o padrão da falsa guru para desviar o foco dela. Quem conhece as meninas não compactua com as inverdades levantadas. Nos vídeos é possível ver nitidamente que existe uma prisão para além da física, que é a prisão emocional: manipulação, ameaças, culpabilização da vítima e falsas promessas”, destacou um trecho da nota. 

 

“Independente se estão fazendo algo em sã consciência ou não, usar a vulnerabilidade de mulheres brasileiras com a falsa promessa de riqueza, e induzi-las a prostituição na ilegalidade é crime.”

 

Ainda conforme os comunicados, os seguidores norte-americanos da página são convocados para denunciar o caso às autoridades do país. “A falsa guru nem se deu ao trabalho de tentar provar que ela está bem. Desirrê nunca teve desejo de viver ilegalmente. Era totalmente contra isso, cheia de sonhos e com uma carreira linda pra construir. Quem a conhece na intimidade, conhece a verdadeira essência dela, uma pessoa doce, alegre e extremamente boa.”

 


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