Gustavo Werneck
Cultura, fé e tradição se unem neste mês em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, dona de uma legião de devotos em Minas Gerais, que se esmeram em manter manifestações populares centenárias. Não por acaso, em todas as regiões do estado há missas, procissões, novenas, coroações e atividades religiosas envolvendo comunidades. Em Santa Luzia, na Grande BH, o ponto alto das celebrações será no domingo (23/10), com o término da novena, cortejo do reinado e missa solene, entre outras atividades no Centro Histórico, tendo à frente o pároco e reitor do Santuário Arquidiocesano Santa Luzia, padre Felipe Lemos Queiros (veja programação ao lado).
Já em Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha, moradores e visitantes celebram neste mês de outubro os 200 anos da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, responsável pela festa, registrada em 2013 como patrimônio cultural de Minas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG). As solenidades ocorreram no período de 30 de setembro ao último dia 10.
Após dois anos de pandemia, com cerimônias restritas e igreja de portas fechadas, com celebrações transmitidas pelas redes sociais, a população católica de Chapada do Norte voltou às ruas, ressalta o procurador-geral da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, Maurício Aparecido da Costa. “Comemoramos a festa de número 200, pois a primeira aconteceu um mês após a Independência do Brasil, o que, inclusive, está na documentação. Esperamos manter essa forte tradição da cidade”, disse Maurício, com grande alegria e esperança.
Ao som de tambores, cânticos do congado e toque de sinos, homens e mulheres de todas as idades, moradores ou não de Chapada do Norte, a 522 quilômetros de Belo Horizonte, participaram da comemoração do bicentenário da festa do Registro do Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
Quem esteve presente pôde ver a cerimônia do Mastro a Cavalo, que reproduz disputa entre mouros e cristãos e sinaliza o início da devoção ao Santo Rosário. Passava da meia-noite quando ocorreu esse momento, considerado o ápice das festividades, iluminado pela queima de fogos. Paralelamente, foi feita a leitura dos nomes dos que contribuíram para a cerimônia, seguida do descerramento de estandarte com nomes dos irmãos falecidos no ano anterior.
A celebração teve como destaque o reinado, que percorreu as ruas de Chapada do Norte com a representação da corte e dos reis de Nossa Senhora do Rosário. Estavam ali crianças do projeto de educação patrimonial João Pretinhos do Rosário, que transmite às novas gerações a tradição dos tamborzeiros. O rei Fabrizzio Clemente Fonseca e a rainha Andreia Aparecida Lemos Soares puderam, finalmente, celebrar a festa de acordo com os costumes e tradições locais. Coroados em outubro de 2019, foram obrigados a aguardar três anos devido às restrições sanitárias impostas pela pandemia. “Pudemos, finalmente, realizar a festa com tudo que lhe é de direito”, disse o rei Fabrizzio, cercado dos que foram à sua casa cumprimentá-lo e saborear as delícias da terra em grande almoço.
SANTA LUZIA
Na tricentenária cidade da Grande BH, a festa em louvor à Senhora do Rosário começou em 7 de outubro, dia consagrado a ela, na Igreja do Rosário, no Centro Histórico de Santa Luzia. Neste ano, a rainha é Regilene de Carvalho Rodrigues, e o rei, Evandro Lara, sendo mordomos da bandeira de Nossa Senhora do Rosário Jorge Junio da Conceição Romeu; da bandeira de Santo Elesbão, Conceição Aparecida Claudino; e da bandeira de São Benedito, Talita Marques Freitas.
Em Santa Luzia
- 10h Cortejo do reinado, saindo da Rua Santana até a Igreja do Rosário, na Rua Direita, no Centro Histórico
- 11h Missa solene no Santuário Arquidiocesano Santa Luzia, na Praça da Matriz
- 14h Apresentação de músicas folclóricas, no espaço de eventos da Igreja do Rosário
- 16h Procissão com as imagens de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, São Elesbão e Santa Efigênia, acompanhada pelas guardas de Marujos e Moçambique
- 19h30 Missa de encerramento, seguida de descida dos mastros com as bandeiras, na Igreja do Rosário