Jornal Estado de Minas

MISTÉRIO

Caso Kat: Polícia ainda apura suposto desaparecimento de mineira nos EUA

Por Clara Mariz 


A Polícia Civil de Minas Gerais ainda investiga a denúncia do suposto desaparecimento da mineira Letícia Maia Alvarenga, de 21 anos, nos Estados Unidos. O caso ganhou repercussão após o pai da jovem pedir ajuda nas redes sociais para encontrar a filha, que foi para o país norte-americano em um programa de au pair - uma espécie de babá - e sumiu depois de começar a seguir a guru Kat Torres, também conhecida como Kate A Luz. 





De acordo com o delegado Pedro de Queiroz Monteiro, da delegacia de Perdões, na Região Sul do Estado, em 19 de agosto deste ano, familiares de Letícia compareceram à unidade para reportar o seu suposto desaparecimento. Na época, foi relatado que a menina morava há dois anos fora do país, mas que em abril, retornou ao Brasil para pegar alguns documentos. Desde então, a família não teve mais notícias suas. 
 

No mesmo dia em que o pai de Letícia fez a publicação no Instagram pedindo ajuda, e contando que a mudança de comportamento e sumiço da filha após se relacionar com Kat Torres, a coach declarou que tanto a jovem quanto Desirrê Freitas - outra brasileira que também foi dada como desaparecida - estavam bem. A mulher ainda afirmou que as jovens cortaram laços com suas famílias devido a relacionamentos abusivos.

Já no sábado (15/10), um dia após o pedido do pai, Letícia usou sua conta no Instagram para relatar um suposto abuso que sofreu dentro de casa quando era criança.  “Quando eu era criança fui abusada pelo meu pai. Minha mãe sempre ia para a roça e eu ficava com meu pai. Então, era nesse tempo que tudo acontecia. Ele abusava de mim sexualmente. Minha mãe chegava em casa, eu falava o que aconteceu e ela deixava para lá”, afirmou a jovem, acrescentando que encontrou apoio em Kat para lidar com a situação.





Vale mencionar que as publicações com ataques à família não convenceram a maioria dos internautas. Nos comentários, muitas pessoas acreditam que Letícia foi coagida, de alguma forma, a gravar os vídeos. Em relação às postagens em texto, foi levantada a suspeita de que as mensagens tenham sido escritas por Kat.

Mudança de narrativa 

 
Nessa terça-feira (18/10), ainda pela internet,  a mineira mudou a narrativa do caso, que começou com uma denúncia de um suposto desaparecimento, e começou a afirmar que a modelo e atriz brasileira Yasmin Brunet a sequestrou em um esquema de tráfico humano.

Em uma gravação, Letícia afirmou que foi sequestrada por Brunet em um “esquema de prostituição” e que a outra jovem, Desirrê Freitas, que também seguia Kat Torres, foi feita refém e ainda estava sendo mantida em cativeiro.





Após as publicações, a modelo Yasmin Brunet disse que não vai comentar mais sobre o caso, mas que seus advogados já estão “tomando as providências legais e cabíveis”. A artista afirmou que entrou na história com a intenção de ajudar Letícia, mas que percebeu que os envolvidos “buscam apenas atenção”. 

“Tráfico humano é um assunto grave, não é para brincar ou ganhar fama em cima. Quanto mais a gente banaliza, mais essas vítimas se tornam invisíveis, parte de um senso ficcional, sendo que esse mercado horrível existe, movimenta muito dinheiro em cima dos corpos das mulheres. Tráfico humano não é fanfic. É assunto sério e urgente”, concluiu Brunet. 

Com toda a repercussão do caso, e após ser confrontada pelo apresentador da Record TV, Luiz Bacci, Letícia também passou a afirmar que o jornalista faz parte do esquema internacional. 

Itamaraty

Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio do Consulado-Geral do Brasil em Houston, nos EUA, informou ao Estado de Minas, nessa segunda-feira (17/10), que “está em contato estreito com as autoridades policiais norte-americanas responsáveis pela investigação” de tráfico humano envolvendo as duas brasileiras. 





 Em nota enviada à reportagem, o consulado diz que se colocou à disposição para prestar assistência às duas brasileiras e seus familiares. Contudo, não divulgou informações detalhadas sobre o caso, alegando "observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012".

"O MRE não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros”, ressaltou o comunicado. 

Caso Desirrê

Ainda nesta terça-feira a outra jovem que estava desaparecida publicou um vídeo na conta de Letícia Maia. Na gravação, Desirrê afirma que está presa em um cativeiro e que a amiga conseguiu passar o celular por baixo da porta do porão em que está. 

“Gente, aqui é a Desirrê É verdade tudo que estão falando. A Yasmin Brunet tem um esquema para traficar meninas aqui nos Estados Unidos   Me ajudem, pelo amor de Deus. Eu não sei mais o que fazer. Ela tem homens armados, ela põe a gente para fazer programa. Porque eu me recusei, ela me colocou em cativeiro e a gente não consegue me tirar daqui. Eu não aguento mais ficar aqui, por favor”, disse a mulher. 






Hoje, a página no Instagram intitulada Searching Desirrê – criada para tentar obter respostas sobre o paradeiro da jovem e divulgar o caso – fez uma publicação, em nome da família, na qual agradeceu o apoio que vem recebendo. 

“Nós, amigos e familiares, que buscamos por ela, só queremos o bem e estamos preparados para receber, ouvir e acolher a Desirrê para que ela possa superar qualquer coisa ruim que tenha acontecido neste período Gostaríamos muito que o ódio e teorias da conspiração fossem deixados de lado. Isso não é fofoca, ou caso de sensacionalismo. Estamos falando de vidas reais, de mulheres em situação de perigo. Buscamos notícias da Desirrê há meses e agora as autoridades estão fazendo seu trabalho. Contamos com a colaboração de todos para o bem do caso, e para que a justiça seja feita”, destacou um trecho da nota.