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Estado de Minas EUA

Caso Kat: mulheres dizem que acusações de tráfico humano eram 'piada'

Letícia Maia Alvarenga, de 22 anos, acusou Yasmin Brunet de liderar suposto esquema de tráfico humano


20/10/2022 20:20 - atualizado 20/10/2022 21:00

Letícia Maia e Katiuscia Torres
Letícia Maia e Katiuscia Torres viveram juntas nos Estados Unidos (foto: Instagram / Reprodução)
“A gente não teve escolha e foi obrigado a começar a fazer deboche e piada com o caso”. A frase foi publicada pela mineira, dada como desaparecida nos Estados Unidos pela família, Letícia Maia Alvarenga, de 22 anos, a respeito das acusações sobre tráfico humano e prostituição feitas por ela mesma contra a modelo e atriz Yasmin Brunet o apresentador da Record TV Luiz Bacci. O texto faz parte de um comentário feito pelo perfil da jovem em um vídeo publicado pela blogueira Vanessa de Oliveira, nessa quarta-feira (19/10).  

No texto, Letícia explicou que as acusações e “brincadeiras” começaram após Yasmin e Bacci se envolverem na denúncia de sumiço e pedido de ajuda feito pelo pai da jovem, na última sexta-feira (14/10), também nas redes sociais. “Nós pedimos que parassem, a mãe da Desirrê (outra jovem também dada como desaparecida pela família) pediu para que parassem, e nada… nada fazia meus pais abusivos pararem algo que eles já tinham feito a minha vida inteira: abusado de mim”, escreveu. 
 
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Comentário feito pela conta de Letícia em vídeo sobre o caso (foto: Instagram / Reprodução)
 

A justificativa foi dada depois que Letícia publicou um vídeo em que afirmava que Yasmin a sequestrou em um esquema de tráfico humano. Na gravação, a jovem afirmou ter sido raptada e que a outra jovem, Desirrê Freitas, foi feita refém e ainda estava sendo mantida em cativeiro. 

Após as publicações, Yasmin Brunet disse que não vai comentar mais sobre o caso, mas que seus advogados já estão “tomando as providências legais e cabíveis”. A artista afirmou que entrou na história com a intenção de ajudar Letícia, mas percebeu que os envolvidos “buscam apenas atenção”. 

“Tráfico humano é um assunto grave, não é para brincar ou ganhar fama em cima. Quanto mais a gente banaliza, mais essas vítimas se tornam invisíveis, parte de um senso ficcional, sendo que esse mercado horrível existe, movimenta muito dinheiro em cima dos corpos das mulheres. Tráfico humano não é fanfic. É assunto sério e urgente”, concluiu Brunet. 

Com toda a repercussão do caso, e após ser confrontada pelo apresentador da Record TV Luiz Bacci, Letícia também passou a afirmar que o jornalista fazia parte do esquema internacional. E que a obrigava a ver vídeos de sexo explícito.

“Kate A Luz” 

A blogueira, life coach e guru Katiuscia Torres, também conhecida como “Kate A Luz”, entrou na história ao ser mencionada pelo pai de Letícia Maia e amigos de Desirrê Freitas nas redes sociais como a última pessoa que teria visto as jovens antes de desaparecerem. “Peço ajuda de todos pois estamos à procura da nossa filha Letícia Maia Alvarenga, 21 anos; a última notícia que temos foi que ela estava trabalhando para Kat Torres”, escreveu Cleider Castro Alvarenga.

No mesmo dia em que o pai de Letícia fez a publicação no Instagram, Katiuscia declarou que as meninas estavam bem. A mulher ainda afirmou que as jovens cortaram laços com suas famílias devido a relacionamentos abusivos, o que foi corroborado pela mineira em outro vídeo, em que contou aos seus seguidores sobre os supostos estupros sofridos. 

Porém, as publicações de Letícia com ataques à família não convenceram a maioria dos internautas. Nos comentários, muitas pessoas acreditam que Letícia foi coagida, de alguma forma, a gravar os vídeos.

Em relação às postagens em texto, foi levantada a suspeita de que as mensagens tenham sido escritas por Kat.

Desde então, a conta da coach foi desativada. Mas, nesta quinta-feira (20/10), Kat começou a usar as redes de Letícia para falar a respeito do caso. Durante uma live de uma hora de duração, a blogueira contou que, desde o início, as jovens não queriam aparecer e se envolver no caso. 

“Eu sou debochada, faço piada, brinco que a gente fala lá que a Desirrê morreu. (...) Enfim, elas não queriam aparecer porque vocês estavam fazendo inferno na vida delas e queriam que as meninas fossem deportadas dos Estados Unidos, mas elas vieram para cá como turistas e têm visto para estarem aqui, elas não estão aqui ilegais. Então, elas não queriam dizer onde estavam e tudo mais porque elas queriam ter paz”, começou Katiuscia. 

A mulher ainda afirmou que as acusações de tráfico humano começaram após Letícia ser “obrigada” a contar onde estava. Em publicações anteriores, prints de outros vídeos ao vivo mostraram a modelo pedindo que a mineira mostrasse onde estava para que as pessoas se tranquilizarem. 

“Eu falei que se a Leticia aparecesse aqui, vocês não iam gostar dela, porque ela é debochada, é abusada. Eu falei. Letícia não gosta de ser mandada a fazer as coisas [...] Então, vocês ficaram obrigando a menina, Yasmin Brunet entrou na live e ficou: faz isso, faz aquilo [...] Como vocês puderam ver aí, vocês querem fazer a letícia fazer alguma coisa? Ela vai zombar com a cara de vocês, ela vai botar a cara dela, e rir da cara de vocês até. [...] Me acusando de tráfico humano porque a menina não queria mostrar o quarto. A menina falou com todas as letras do vocabulário: ‘Yasmin brunet, eu não quero mostrar, me deixa em paz’ [...] Agora vocês vão processar? Vamos ver quem ganha dinheiro em cima de quem [...] Eu quero um advogado vir aqui e querer me processar”, disse "Kate A Luz"  

Denúncia

O caso de Letícia ganhou repercussão após seu pai publicar que a jovem foi para os Estados Unidos em um programa de au pair - uma espécie de babá - e sumir depois que abandonou o programa e começou a se envolver com a guru Katiuscia Torres, também conhecida como “Kate A Luz”. A denúncia está sendo investigada pela Polícia Civil de Minas Gerais desde 19 de agosto deste ano. 

De acordo com o delegado Pedro de Queiroz Monteiro, da delegacia de Perdões, na Região Sul do Estado, em 19 de agosto deste ano, familiares de Letícia compareceram à unidade para reportar seu suposto desaparecimento. Na época, foi relatado que a menina morava há dois anos fora do país, mas que, em abril, retornou ao Brasil para pegar alguns documentos. Desde então, a família não teve mais notícias dela. 

Caso Desirrê

Ainda nessa terça-feira, a outra jovem que estaria desaparecida publicou um vídeo na conta de Letícia Maia. Na gravação, Desirrê afirma que está presa em um cativeiro e que a amiga conseguiu passar o celular por baixo da porta do porão em que está. 

“Gente, aqui é a Desirrê. (...) É verdade tudo que estão falando. A Yasmin Brunet tem um esquema para traficar meninas aqui nos Estados Unidos. (...) Me ajudem, pelo amor de Deus. Eu não sei mais o que fazer. Ela tem homens armados, ela põe a gente para fazer programa. Porque eu me recusei, ela me colocou em cativeiro e a gente não consegue me tirar daqui. Eu não aguento mais ficar aqui, por favor”, disse a mulher. 
 

Ontem, a página no Instagram intitulada Searching Desirrê – criada para tentar obter respostas sobre o paradeiro da jovem e divulgar o caso – fez uma publicação, em nome da família, na qual afirmou que seus administradores têm sofrido ataques e “ameaças de morte”. O perfil ainda afirmou que acredita no trabalho das “autoridades responsáveis” e que aguarda a resolução do caso. 
 


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