Um projeto da Prefeitura de Belo Horizonte pode ajudar a reduzir a transmissão de dengue, zika e chikungunya para a população, por meio da soltura do mosquito Aedes Aegypti com a bactéria Wolbachia em seis regionais de BH: Barreiro, Centro-Sul, Oeste, Noroeste, Norte e Pampulha.
Leia Mais
Neves está em situação de alerta para risco de infestação da dengueSete Lagoas registra alto índice de infestação do mosquito da dengueSudoeste de Minas registra primeira morte por dengue em 2022Farmácia de Minas estará fechada entre 31 de outubro e 2 de novembroUma das 15 barragens alvo de ação preventiva apresenta risco ambientalO estudo
De acordo com o diretor da Zoonoses de BH, Eduardo Viana, o piloto do projeto já estava circulando pela cidade desde 2020, com duas fases. A primeira, foi na região Venda Nova, em três áreas de abrangência de centros de saúde. A segunda, foi a realização de um estudo clínico controlado em parceria com a Fiocruz e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Nesse estudo, foram abrangidas 59 áreas em todas as regionais de BH, sendo 29 para controle - sem liberação de mosquito - e outras 29 com a liberação do mosquito com a Wolbachia, que ainda está acontecendo. Agora, nós entramos na terceira fase, que seria a expansão. Vamos trazer os mosquitos com a bactéria em seis das nove regionais de BH”, disse o diretor.
Viana explica ainda que a soltura é um procedimento de substituição gradativa, ou seja, os mosquitos com a bactéria são soltos no ambiente e a partir do momento que realizarem o cruzamento com o Aedes sem bactéria, sucessivamente será possível nascerem apenas mosquitos com Wolbachia.
O projeto é uma parceria entre a Prefeitura de Belo Horizonte, a World Mosquito Program (WMP), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde.
Como é feito o acompanhamento?
Os mosquitos são soltos semanalmente, em períodos que duram em torno de 16 a 20 semanas. Junto a isso, há um acompanhamento dos ovos, verificando o percentual de Wolbachia nos mosquitos. “Quando a população com a bactéria atingir 60%, já é considerado bom. Nas áreas das duas primeiras fases já atingimos esse percentual”, explica Viana.
O diretor complementa que o estudo clínico ainda está em curso, comparando áreas onde a soltura foi realizada versus onde não foi, por meio do monitoramento de voluntários que são acompanhados desde o início do projeto. “É feita uma sorologia, ou seja, coletado sangue dos voluntários no início do projeto antes do contato, e depois são avaliados ao entrar em contato com a doença, se desenvolveram o vírus”.
Aquelas pessoas que moravam nas regionais de soltura serão comparadas com a população da área controle, que não foi exposta. Assim será possível obter clareza do ponto de vista epidemiológico com relação à eficácia da ação. Em alguns países asiáticos, esse estudo mostrou 70% de redução de casos.