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Estado de Minas MEMÓRIA SALVA

Iphan determina paralisação de obra no Largo do Rosário

Obra estava sendo construída sobre um antigo cemitério, importante para a população preta de BH; grupos exigiam a presença de um arqueólogo durante a construção


26/10/2022 19:31 - atualizado 26/10/2022 20:15

Um terreno em construção, com trator ao fundo e uma árvore no passeio
Obra no espaço do Largo do Rosário é interrompida pelo Iphan; possivelmente há um sítio arqueológico sob o terreno (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)

 
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) publicou um ofício, nesta quarta-feira (26/10), determinando a paralisação imediata de uma obra no espaço do Largo do Rosário, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O prédio estava sendo erguido na esquina da rua da Bahia com a dos Timbiras, onde possivelmente se encontra um sítio arqueológico.

Na tarde dessa terça (25/10), grupos do movimento negro da capital mineira fizeram uma manifestação exigindo a presença de um arqueólogo no local. O Largo do Rosário foi tombado neste ano. O nome era dado ao espaço compartilhado, no antigo Curral Del Rey, entre um cemitério inaugurado em 1811 e uma igreja, finalizada em 1819. Com a construção de BH, o local foi “soterrado”.
 

O ofício do Iphan informa que os responsáveis pelo empreendimento imobiliário na Rua da Bahia, 1.403, foram notificados para a paralisação imediata das atividades, sob risco de prejuízo à lei federal 3.924/61, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos.

O prédio estava sendo construído em um local onde teria sido enterrado o antigo Cemitério da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos que data do século XIX, local considerado sagrado para a população preta da capital mineira.

Arqueólogos para garantir a memória


Belo Horizonte foi inaugurada em 1897, mas antes da capital mineira existir, o Curral Del Rey ocupava as ruas onde hoje é o centro da cidade. No entanto, durante anos se teve a ideia de que a metrópole foi construída sobre um grande nada.

Ontem, os manifestantes exigiam a presença de um arqueólogo na obra, para preservar o que for encontrado durante as escavações. Para eles, subir um prédio sem o devido cuidado pode causar danos irreparáveis à memória e à história da população negra de BH.
 
*Estagiário sob supervisão da subeditora Renata Galdino


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