No começo da madrugada desta quinta-feira (27/10), depois de cerca de 15 horas de julgamento, o ex-secretário municipal de Obras de Patrocínio, Jorge Marra, acusado de homicídio duplamente qualificado contra o ex-vereador da cidade Cássio Remis foi absolvido. O júri considerou o fato como “legítima defesa”. O advogado da acusação informou que já recorreu da decisão.
Ao ler a sentença, o juiz Serlon Silva Santos afirmou que Marra foi condenado a dois anos e 10 dias, por porte ilegal de arma de fogo. Como ele estava preso na Penitenciária de Patrocínio desde o dia do crime, em setembro de 2020, a pena já foi cumprida e a previsão é que Marra seja liberado nesta quinta-feira (27), já que o juiz expediu um alvará de soltura.
Logo após a leitura da sentença, o advogado de defesa, Sérgio Leonardo, afirmou ao site Patrocínio On Line que sempre confiou na sociedade local. “A sociedade representada pelos sete jurados julgou e absolveu o senhor Jorge Marra porque entendeu que ele agiu em legítima defesa. Tínhamos certeza que a Justiça seria feita e como foi", comemorou.
Acusação
O advogado de acusação e da família de Remis, Márcio Grossi, afirmou que ficou completamente consternado. “A decisão contrariou todas as provas dos autos. Isso demonstrou que, de fato, assim como sustentou a acusação a todo tempo, o alto poder político e econômico da família (de Marra) interferiu diretamente na decisão do conselho de sentença”, considerou.
Relembre o caso
Jorge Marra é irmão do prefeito de Patrocínio, Deiró Marra (DEM) e, em setembro de 2020, matou com cinco disparos de revólver Cássio Remis, logo após ele fazer uma live onde denunciava suposta irregularidade em obras da Prefeitura.
Na época do crime, que foi flagrado por câmera de segurança, Marra era secretário de Obras de Patrocínio.
Na época do crime, que foi flagrado por câmera de segurança, Marra era secretário de Obras de Patrocínio.
Família revoltada
Em coletiva à imprensa, a mãe de Cássio Remis disse que foi submetida a uma prova semelhante à da Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo. “O filho dela foi assassinado por defender o povo, ensinar o amor e fazer o que é certo e ainda os assassinos dele continuaram libertos. E o meu caso foi a mesma coisa. Obrigado meu Deus e me dê paciência, tolerância e amor, sobretudo, a partir de agora, porque vou precisar. Fiquei completamente desnorteada com essa notícia ”, lamentou.
A viúva de Cássio, Nayara Remis, também se mostrou indignada. “Hoje foi provado que o Cassio não morreu, os jurados confirmaram isso, que ele não está morto e que ele não levou tiros na cabeça. Então, segundo os jurados, eu vou voltar para casa e vou estar encontrando com o meu marido em casa”, ironizou, complementado: “Estou extremamente decepcionada com a decisão. Acho que não tenho a sabedoria da ‘Chiquita’ (mãe de Cássio) para nesse momento agradecer. Eu não acredito que aqueles jurados não tenham recebido nada e, desde o início, eu não queria que esse júri fosse aqui em Patrocínio. Eu não confio na população daqui porque eles provaram que se vendem”, opinou.
Revolta nas redes sociais
Pelas redes sociais, várias de pessoas se manifestaram contra a sentença: “Que vergonha! Meus pesares aos familiares por essa injustiça”; “Lamentável, realmente as leis do Brasil só se aplica aos pobres. Um crime registrado por câmeras de segurança. Agora legítima defesa é forçar a inteligência de qualquer ser” e “Esse é nosso Brasil. Lamentável”, afirmaram algumas das indignações.