Um homem foi condenado a 21 anos e 7 meses de prisão pelo crime de feminicídio cometido contra a esposa em Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em abril de 2021. O autor envenenou a companheira com a substância tóxica dietilenoglicol. Ele ão poderá recorrer da sentença em liberdade.
De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, o homem estava insatisfeito com o relacionamento de 19 anos. Ele teria servido uma bebida batizada com dietilenoglicol para a mulher, que passou mal dois dias depois. A vítima foi internada em um hospital e faleceu em menos de um mês.
Conforme a decisão, o réu foi condenado por homicídio praticado por motivo fútil, por meio que impossibilitou a defesa da vítima, com emprego de veneno e por razões da condição do sexo feminino. O crime foi o primeiro feminicídio a ser julgado na cidade desde a implementação da lei, em 2015.
Dietilenoglicol
O composto químico ficou nacionalmente conhecido após o caso da contaminação de 29 pessoas que beberam a cerveja Belorizontina, da marca mineira Backer, em 2019. À época, dez pessoas morreram por complicações renais causadas pelo produto.
Quando ingerido, o composto pode provocar intoxicação com sintomas como insuficiência renal e problemas neurológicos. Na fábrica de cerveja, ele era utilizado para agilizar o processo de resfriamento da bebida, mas não deveria ter contato direto com o líquido.
Segundo as investigações, a contaminação das cervejas por monoetilenoglicol e dietilenoglicol ocorreu devido a um vazamento no tanque da Backer. Em outubro daquele mesmo ano, 11 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público.
Para o MP, os três sócios-proprietários da empresa assumiram o risco de produzir bebidas alcoólicas adulteradas ao adquirirem uma substância considerada imprópria na indústria alimentícia. Nove funcionários foram indiciados por fabricarem produtos sabendo que poderiam estar adulterados.