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Estado de Minas CRUELDADE

Mãe sepulta filhos assassinados em Santa Luzia: 'Não quero ter calma'

Crianças de 7, 9 e 11 anos foram assassinadas a sangue frio, com golpes de facada; o padrasto também foi morto


31/10/2022 17:19 - atualizado 31/10/2022 18:24

Muitas pessoas chegando a um velório
A mãe, Adriane Rocha, chega ao Cemitério do Carmo, em Santa Luzia (foto: Gustavo Werneck/EM/D.A Press)
“Não quero ter calma! Quero é meus meninos de volta!”. Amparada por familiares e transtornada pela dor, Adriane Rocha, que trabalha numa padaria, acompanhou, na tarde desta segunda-feira (31/10), o enterro dos três filhos – Victoria Daniele Rocha Ramos, de 11 anos, Victor Daniel Rocha Ramos, de 9, e André Felipe de Paula Couto, de 7 -, assassinados a facadas na madrugada desse domingo (30/10), no Bairro Vila Olga.
 
Caixão branco sendo carregado por quatro pessoas.
3 filhos, ainda crianças e o marido, assassinados a sangue frio. Velório de muita comoção e tristeza (foto: Gustavo Werneck/EM/D.A Press)
 
 
Após o velório em Belo Horizonte e cortejo até o Cemitério do Carmo, em Santa Luzia, sob escolta policial, os três corpos foram velados durante 40 minutos, com a presença de centenas de pessoas, incluindo parentes, amigos, funcionários da padaria onde Adriane trabalha e moradores da cidade, que se diziam horrorizados com o bárbaro crime que comoveu a cidade.
 
Impossível, até para quem não conhecia a família, conter as lágrimas com a cena às 16h, com a chuva parando para o sol forte surgir: os três caixões brancos retirados do carro funerário, com a mãe sem forças e aos prantos, ao lado de familiares.

Antes do sepultamento, restrito a parentes mais próximos, a pedido da família, Adriane foi socorrida tal era o desespero pela perda dos três filhos e do companheiro Ronaldo, de 39 anos, também morto a facadas. O corpo dele foi levando para sua terra natal, Janaúba, no Norte de Minas, onde foi velado e sepultado.

O crime


As três crianças (duas de união anterior de Adriane e um de Ronaldo) foram assassinadas a facadas pelo vizinho do andar de cima, na madrugada de domingo (30/10), no bairro Vila Olga. Os corpos foram encontrados pela mãe das crianças, quando chegou do trabalho, às 5h30. Ela passou mal e precisou de atendimento médico. O suspeito do crime, Gustavo Costa, de 25, foi preso em flagrante, por homicídio triplamente qualificado, após assumir a autoria do crime.
  
De acordo com a Polícia Civil (PC), o homem disse que matou as crianças porque o padrasto delas, também vítima, teria contribuído para sua demissão. Além disso, ele afirmou que estava incomodado com o barulho que os jovens faziam. A PC segue investigando o caso.
 
“O assassino teve uma frieza muito grande. Imagina como foi para ela (Adriane, a mãe) chegou cansada em casa, depois de trabalhar à noite, e encontrar três filhos mortos”, informou um familiar no cemitério. Essa pessoa disse ainda que Adriane tem outro filho, de 4 anos, que estava com a avó.  

Em luto 


Na entrada da padaria, o cartaz avisa: “Estamos EM luto”. Na parte da manhã desta segunda-feira (31/10), duas funcionárias da padaria (24 horas) onde Adriane trabalhava – uma no caixa, outra perto da porta – tinham os olhos tão sem brilho que chegaram a comover os fregueses. Já na parte da tarde, o estabelecimento localizado na Rua Alto do Tanque, no Conjunto Morada do Rio, em Santa Luzia.  O motivo de tanta tristeza era o assassinato dos três filhos da colega, que trabalhava no turno da noite.
 
Fachada de padaria com os dizeres: 'estamos em luto! Agradecemos a compreensão.'
Padaria fechada , onde a mãe trabalha; luto e comoção em Santa Luzia (foto: Gustavo Werneck/EM/D.A Press)
 

Adriane e os filhos moravam a cerca de 200 metros da panificadora. São três casas no fim de um beco, que traz uma placa com o número 1949. A reportagem do Estado de Minas foi ao local e o silêncio é absoluto. “Estamos todos chocados, ninguém ainda conseguiu dormir direito. Foi muita violência, nunca vi nada igual. A casa está fechada, o senhor não vai achar ninguém aí”, disse, ao repórter, uma mulher que estava saindo de casa, na manhã de ontem, visivelmente transtornada. Realmente, a moradia estava fechada. 

Com movimento intenso, por fazer a ligação com a rodovia MG-020 e Avenida das Indústrias, a Rua Alto do Tanque é um corredor de trânsito pesado e com muitas lojas. Uma comerciante também se mostrou apavorada com a “tragédia”, e disse que nunca viu nada assim no bairro. Já outro comerciante explicou que há versões sobre o motivo do assassinato: “Uns dizem que foi por causa do barulho que as crianças estavam fazendo, outros que foi algo relacionado a serviço. O certo é que tudo é muito triste. Eram apenas crianças”, lamentou o homem.


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