Jornal Estado de Minas

TRAGÉDIA

'Foi premeditado sim', diz tio de jovem morto ao comemorar vitória de Lula

Adilson Dias Soares, tio de Pedro Henrique Dias Soares, de 28 anos, assassinado no último domingo (30/10) enquanto comemorava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, pediu justiça para seu sobrinho durante o enterro do sobrinho.





Soares destacou o fato de que o atirador invadiu a casa onde havia familiares confraternizando e abriu fogo. "Quero cobrar das autoridades para que a gente não viva num país sem lei." Ele ainda citou o número de vítimas, seis, se contar as duas mulheres alvejadas momentos antes de Ruan Nilton da Luz onde os Dias Soares estavam.

Adilson informou ainda que a proprietária da casa onde Pedro Henrique estava quando foi assassinado pode perder o braço em decorrência do tiro recebido no cotovelo. "A medicina vai tentar fazer uma cirurgia no braço, mas não tem nada garantido se vai precisar amputar ou não."

O familiar da vítima fez um apelo ressaltando a natureza do crime. "Eu gostaria que vossas excelências, que as autoridades, os policiais que fizeram a ocorrência, trabalhassem com a gente. Não foi nada de guerra de gangue, de tráfico. É um menino do bem, que estava dentro de uma residência familiar."




Outro ponto questionado por Adilson foi a quantidade de munições, mais de 500, encontradas na casa de Ruan. Para ele, o atirador ter licença de CAC e ter feito uma postagem em rede social onde afirma que se Bolsonaro perdesse ele iria "fazer uma desgraça" vai contra a alegação da defesa de que o homem cometeu os atos pois tinha problemas psicológicos. "Foi uma coisa premeditada sim".

"Todo mundo tem o direito de se defender, mas ele está ae defendendo alegando problema mental, mas apresentando porte de arma. Que país é esse? Que autoridade é essa? Eu gostaria de uma explicação", finalizou.

Muito abalado, o pai de Pedro Henrique não quis gravar entrevista mas corroborou as declarações de Adilson.

O crime

Pedro Henrique foi baleado três vezes por Ruan Nilton da Luz, de 36 anos, que entrou na garagem onde o jovem, formado em direito e que trabalhava com entregas e como Uber, celebrava com familiares, entre eles bolsonaristas, e abriu fogo.





Segundo familiares, a motivação do crime foi política. Testemunhas relataram ter ouvido o suspeito gritar "Bolsonaro" na rua, antes do crime. Outro fator que reforça a tese é que Ruan teria postado em seu Instagram, dias antes, que "iria fazer uma desgraça", se Jair Bolsonaro fosse derrotado nas eleições.

Ruan tinha licença de CAC e foi preso. Além das duas pistolas 380 utilizadas no crime, o homem possuía um rifle e mais de 500 munições em sua casa. A defesa do suspeito afirmou que ele possui problemas psicológicos, versão contestada pelos familiares da vítima.

Momentos antes de abrir fogo contra a família de Pedro, Ruan havia baleado mãe e filha. Segundo amigos da vítima, a mãe já está em casa e a criança, de apenas 12 anos, segue internada.

Pedro Henrique foi velado e enterrado na tarde desta terça-feira (1/11), no Cemitério Parque Renascer, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte.