Jornal Estado de Minas

DIA DE FINADOS

Dia de Finados: chuva não impede homenagens nos cemitérios de BH


Mesmo com a chuva que persistiu por todo o dia, os belo-horizontinos não deixaram de prestar homenagens aos entes queridos que se foram. Nesta quarta-feira (2/11), Dia de Finados, os cemitérios públicos e privados da capital foram abertos à visitação sem qualquer restrição.




 
"Foi muito importante os cemitérios, espaços de expressão dessa dor, abrirem depois de dois anos de pandemia", avalia a gerente do Cemitério Bosque da Esperança, Fernanda Carvalho.
 
Ela lembra que, no ano passado, o cemitério estava aberto e que as homenagens aconteceram, mas que ainda era um momento de cuidar dos enlutados pela pandemia. "Muitos não se sentiam confortáveis de vir. Dessa vez, vieram crianças e senhores, gente de todas as idades. Foi muito importante esse acolhimento", pondera. Cerca de 15 mil pessoas fizeram a visitação ao Bosque da Esperança nesta quarta-feira.
 
O Parque Renascer também recebeu cerca de 15 mil visitantes. "Apesar da chuva, a visitação superou nossas expectativas", afirma o diretor do Parque Renascer, Haroldo Felício. As atividades previstas, como as missas e a 'chuva de pétalas', foram realizadas sem qualquer prejuízo. "O helicóptero conseguiu lançar as pétalas de flores como estava previsto", disse. 




 
Nos cemitérios públicos, a visitação também foi grande apesar do dia chuvoso. A Prefeitura de Belo Horizonte estimava um público de cerca de 100 mil pessoas nos quatro cemitérios municipais - Bonfim, Paz, Saudade e Consolação. No horário de 7h às 17h30, houve reforço dos funcionários para atender os visitantes.
 
Guis Carlos Soares Rocha e a mãe Maria Auxiliadora Soares levaram flores aos familiares que estão enterrados no Cemitério da Paz (foto: Ramon Lisboa/EM/DA PRESS)
 
Sérgio Antônio foi ao Cemitério da Paz para fazer as orações em homenagem ao sogro, cunhados e sobrinhos enterrados no local. "Venho todo ano para rezar um pouco para meus entes queridos, meus pais, primos, amigos, todos que já faleceram. Nunca é demais desejar um bom descanso para quem já se foi", afirmou. 
 
Sérgio Antônio foi ao Cemitério da Paz para fazer as orações (foto: Ramon Lisboa/EM/DA PRESS)
Gius Carlos Soares Rocha e a mãe Maria Auxiliadora Soares levaram flores. "Estamos dando graças e agradecendo a Deus de poder ter convivido com a nossa avó, Altina, nosso vô Manoel e o tio Márcio. Acreditamos na ressurreição do Senhor, como ele mesmo nos disse 'não pertube o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim. Na casa do meu pai há muitas moradas'", disse Gius. 




 
Embora o fim da pandemia ainda não tenha sido decretado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os números de casos e mortes estão mais controlados, o que permitiu com que as pessoas pudessem ir aos cemitérios neste Dia de Finados sem receios e restrições.

Ressignificar a dor

A visitação ocorreu de maneira harmoniosa no Cemitério Bosque da Esperança ao longo do dia. "Tivemos um movimento extenso na parte da manhã, independentemente da chuva, as pessoas vieram e prestaram homenagem", avaliou Fernanda.  Também à tarde, as visitas ocorrem.
 
O cemitério organizou uma programação especial, com o plantio de 230 mudas de espécies do Cerrado, como parte do program "Reflorestando a memória".

A maneira como as crianças lidam com o luto também foi parte das oficinas infantis que foram realizadas na Tenda Infantil. "Costumamos neglegenciar muito o luto das crianças", avalia Fernanda. E como lidar com as perdas na infância foi tema de apresentação teatral.
 
A programação também contou com uma palestra de Rafael Stein, personagem da série Queer Eye Brasil, da Netflix. "A palestra do Rafael ajuda na  ressignificaçao da dor, como transformar a dor em amor", afirma.