A positividade de casos de COVID-19 em Minas Gerais cresceu de 2% para 6% no período de 22 a 29 de outubro, aponta levantamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS). O número, em vista do aumento nacional, de 3% para 17%, ainda é considerado baixo pelos responsáveis pela pesquisa. Porém, acende um alerta: a proximidade com os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo pode levar a mais casos da doença no território mineiro.
Durante o mesmo período, os estados que apresentaram alta expressiva foram o Mato Grosso (percentual passou de 3% para 18%), São Paulo (10% para 19%) e Rio de Janeiro (15% para 26%). De acordo com o pesquisador científico do ITpS Anderson Brito, a hipótese está relacionada ao comportamento padrão observado neste ano.
“A positividade de testes não muda de forma síncrona, não existe uma sincronia. Geralmente, começa em alguns estados brasileiros e que, na maioria das vezes, estão localizados na região Sudeste, que é onde novas variantes entram no país em função dos voos internacionais e da densidade populacional. Por isso, vemos que, em questão de poucas semanas, essa mudança no cenário epidemiológico para essa doença se reflete de maneira muito rápida em outros estados, sobretudo os vizinhos”, disse.
Apesar disso, o pesquisador afirma que, ao contrário das demais ondas de COVID-19, o número de mortes e internações não sofrerá um aumento significativo. “Embora tenhamos enfrentado sucessivas ondas da doença, felizmente, o número de hospitalizações e mortes têm caído. Isso é reflexo direto do impacto positivo da vacinação. As pessoas estão com um nível de proteção que evita que elas desenvolvam casos graves de coronavírus”.
Por isso, para ele, a forma de evitar o crescimento no número de casos e na positividade de testes é atualizar o cartão de vacina. “Se as novas variantes que circulam na Europa e na Ásia adentram o território brasileiro, e elas encontram um terreno ‘fértil’, a parcela da população que estiver com esquema vacinal desatualizado ou que não se vacinaram, sofrerão um impacto maior. Em especial os mais vulneráveis, os idosos e imunossuprimidos”, afirmou.
Outra maneira é o uso de máscaras em locais com uma grande circulação de pessoas. “Nas grandes cidades, onde o transporte público é muito lotado, o cenário atual pede uma certa cautela. Com isso, estimular o uso de máscaras, novamente, nesse contexto (muitas pessoas fechadas em um local de pouca circulação), é necessário não só para proteger a si, mas também sua família, sobretudo se há alguma pessoal vulnerável em casa”, completou Brito.
Pico da doença é avaliado pela positividade de testes
O ITpS consegue analisar o crescimento de casos, por meio de testes, como o RT-PCR Thermo Fisher, usados pelos laboratórios parceiros. Além disso, a entidade avalia que a procura pelo exame também é um fator relevante.
“A demanda de testes também é um sinal de uma nova onda que está começando. Muitas vezes, uma pessoa que está doente em casa procura o laboratório para fazer o teste, quando outros membros da família passam a ter sintomas. Depois, avaliamos a proporção de exames realizados que deram positivo. Em questão de três semanas, as taxas de positividade baixas de 3% e 5% passaram para faixas de mais de 20%", explicou o pesquisador.
Ainda segundo o ITpS, os testes apontaram que as variantes Ômicron, BA.4 e BA.5 em 93,5% das amostras positivas na última semana — no início de outubro o percentual era de 97,9%. Casos possíveis de outras variantes, incluindo a Ômicron BA.2, representam 6,5%.
“Também notamos um aumento da procura de testes e na positividade deles, durante os meses de junho e julho, causadas pelas variantes Ômicron BA.4 e BA.5, que conseguiram mudar o cenário epidemiológico. Mas, nada comparado ao que a Ômicron e Gama, no ínicio do ano passado, fez”, afirmou Brito.
De acordo com ele, com o frio e eventos, como a Copa do Mundo e festas de fim ano, as pessoas devem ficar atentas aos sintomas e evitar lugares de aglomeração. Isso porque, não só o coronavírus, mas outras doenças respiratórias, são muitos dependentes do comportamento da sociedade.
“Em momentos de frio ou situações que acabam reunindo muitas pessoas em ambientes fechados, são propícios para a propagação do vírus. Por isso, com os casos aumentando, é recomendado que pessoas com tosse, febre e dor de garganta e no corpo, além de evitar o contato com pessoas vulneráveis, façam o teste. Apesar de os impactos da doença serem menores devido à vacinação, o vírus ainda não desapareceu e novas variantes podem surgir”, comentou.